São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996
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O TODO E AS PARTES

Estatísticas recentes como, por exemplo, vendas reais da indústria e crescimento da PEA (população economicamente ativa) evidenciam disparidades tão violentas de Estado para Estado que tomar o índice nacional como referência é uma abstração.
Basta analisar as vendas da indústria a partir de 1992 até março de 1996, período em que as vendas no conjunto do país aumentaram 29,14%, índice que, a rigor, pouco diz sobre a realidade de cada Estado.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) mede o desempenho em 12 Estados, os mais significativos. Verifica-se que as vendas da indústria no Amazonas explodiram. Cresceram 64,67% contra a média nacional já citada (29,14%). Mas caíram na Bahia e no Rio de Janeiro.
Não há nem sequer uma relativa uniformidade regional. São Paulo e Minas fazem fronteira, mas as vendas industriais em São Paulo cresceram 44,55% e, em Minas, só 3,98%.
Passe-se para o mercado de trabalho e o cenário também não muda, como mostra o balanço de 1995 apresentado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
"A taxa de crescimento acumulada da PEA das seis principais regiões metropolitanas do país, entre 1991 e 1995, teria sido de apenas 5,72%. Note-se, porém, que ela diferiu profundamente de uma região para outra: de 1,78% registrado no Rio de Janeiro a 12,14% em Belo Horizonte".
Parece evidente que políticas que levem em conta a média tendem ao equívoco, porque vão incidir sobre realidades muito diferentes entre si.
Se o governo central quiser estimular, digamos, a indústria, seria providencial para o Rio e a Bahia, mas eventualmente desnecessário para São Paulo e o Amazonas.
Cada vez mais, é preciso pensar melhor a República. As realidades estaduais são tão díspares que medidas idealizadas para o todo podem ser dispensáveis ou contraproducentes para determinadas partes.

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