São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Irmãs reencontram pai

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

As irmãs Anita, Eva e Olga Lins choraram ontem de emoção quando, pelo telefone, falaram pela primeira vez, em 29 anos, com o pai, Amaro Lins, 75. Elas achavam que ele havia morrido durante a guerrilha do Araguaia, entre 1972 e 74.
"Choramos demais, foi uma emoção indescritível", disse Eva, 48. As irmãs descobriram que o pai estava vivo ao vê-lo no "Fantástico", na Rede Globo, no domingo passado.
No dia seguinte, quando chegou ao trabalho, no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a funcionária pública Eva teve nova surpresa: leu a reportagem sobre o pai publicada pela Folha no sábado passado.
Com a certeza de que o pai estava vivo, as irmãs começaram a articular um reencontro. O ex-pedreiro e ex-guerrilheiro, hoje presidente do PC do B de São Geraldo do Araguaia (PA), falou ontem com as filhas.
O contato foi articulado pelo PC do B do Rio. Segundo Eva, o pai insistiu em saber se, no regime militar, a família foi torturada por causa de sua militância. Ele afirmou ter sido torturado no Pará.
Agora, as três irmãs -que dizem não ter dinheiro para pagar uma viagem de avião até o Pará- querem um patrocinador para reencontrar o pai. Segundo Olga, de ônibus seria demorado, e elas não podem faltar muito tempo ao trabalho.
No final dos anos 60, antes de partir para a guerrilha do Araguaia, Amaro Lins vivia clandestinamente no Rio, visitando poucas vezes por ano a família.
Já no Araguaia (para onde foi em 1967), Lins acabou se desligando da guerrilha para poder ficar com Neuza, mulher da região por quem se apaixonou.

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