São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996 |
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Corpos foram abandonados, diz Curió
ARI CIPOLA
"O Araguaia foi uma guerra começada por militantes do PC do B. Militantes são soldados. Eles estavam armados, tentando criar um Estado comunista dentro do Estado brasileiro. Não há nenhuma convenção internacional que me obrigue a enterrar corpos de inimigos, e a lei da selva não permite a nenhum combatente transportar corpos por vários dias", afirmou. Mostrando uma cicatriz que possuiu, três centímetros acima do umbigo, marca de um tiro que diz ter levado durante a guerrilha, Curió afirmou que o Exército só se preocupou em enterrar os 16 homens de seu pelotão que morreram na região. "O PC do B é que tem a obrigação de localizar os corpos de seus militantes e também de indenizar suas famílias", afirmou. Durante a entrevista, concedida no aeroporto de Carajás (PA), Curió se posicionou contra a atitude do governo brasileiro de pagar indenizações aos desaparecidos políticos do Araguaia e todo o período do regime militar no país. "Se nós formos partir para a indenização de desaparecidos, o Brasil teria de acionar Portugal para pagar as famílias dos inconfidentes", afirmou, com ironia. A Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça, que passou a semana passada procurando locais onde estariam enterrados 25 guerrilheiros, definiu que pagará indenização a parentes de 59 militantes do PC do B mortos no Araguaia. A comissão chegou a interditar três supostos cemitérios clandestinos onde estariam enterrados 25 militantes e simpatizantes da guerrilha mortos pelo Exército. Curió negou que a principal testemunha utilizada pela comissão, o carroceiro Manoel Leal de Lima, o Vanu, tivesse trabalhado como guia do Exército naquela época: "Eu lembro desse Vanu preso, como simpatizante dos militantes. Mas ele nunca foi nossa guia, como tem dito". Texto Anterior: General defende operação da polícia Próximo Texto: Irmãs reencontram pai Índice |
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