São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Libertação de réus indigna testemunha de chacina

Advogada e assistente de acusação pedem afastamento do caso

CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Wagner dos Santos, principal testemunha da chacina da Candelária, ficou indignado ao saber da libertação de três réus -Cláudio Luiz dos Santos, Marcelo Ferreira Cortes e Jurandir Gomes de França.
A advogada Cristina Leonardo -presidente do CBDDCA (Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente)- e o assistente de acusação Fernando Fragoso vão, em solidariedade, sair do caso.
Ontem à tarde, Cristina Leonardo e Fragoso encaminharam petições à 2ª Vara Criminal pedindo para ser afastados do processo. O juiz José Geraldo Antonio, titular do 2º Tribunal do Júri do Rio, está analisando os pedidos.
O motivo apresentado foi a libertação dos réus. "Fiquei sem condições de atuar no processo porque o tribunal soltou os réus que foram reconhecidos pelo Wagner", disse a advogada.
Cristina Leonardo também encaminhou uma petição pedindo dispensa como testemunha do caso, já que, no julgamento de Marcos Vinícius Borges Emmanuel, há duas semanas, seu testemunho foi dispensado pela promotoria.
Logo que os réus foram soltos, a advogada telefonou para Wagner, que mora na Suíça para se proteger de ameaças contra sua vida.
Segundo ela, Wagner se sentiu desprestigiado, pois havia reconhecido o tenente Cortes e o ex-PM Jorge Liaffa -solto sexta-feira.
Ontem, a advogada enviou uma carta a Fragoso informando a decisão de Wagner.
"Wagner estranhava que a identificação do soldado Emmanuel (condenado a 309 anos de prisão) fora o ponto de partida para as investigações e que, contraditoriamente, a sua idêntica palavra não valia nada quando apontava um tenente da PM", diz a carta.
O advogado de Cláudio dos Santos disse que seu cliente quer aproveitar a liberdade com a família. Ele estava preso havia quase três anos, assim como Cortes e França.
Emmanuel, Marcos Alcântara e Nélson Cunha confessaram a culpa na morte dos oito menores, em 1993, no Rio, e inocentaram os outros acusados -os três réus libertados anteontem e os dois suspeitos soltos na sexta-feira. Cunha e Alcântara aguardam julgamento.

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