São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 1996
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BC interveio no fim de 94

SILVANA QUAGLIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas (PSDB) repete há quase um ano e meio que o problema do Banespa não é do banco, mas do Estado. O banco está sob intervenção desde dezembro de 94.
O tamanho do problema a que Covas se refere já é de quase R$ 18 bilhões -valor que o Estado deve ao banco.
A origem da dívida é possivelmente tão antiga quanto o próprio banco, que em 1904 apareceu na forma de Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado. Mas o problema se agravou com operações feitas no final do governo Quércia.
No segundo semestre de 1990, o governador Orestes Quércia (PMDB) buscou dinheiro no Banespa quatro vezes, por meio de operações de Antecipação de Receita Orçamentária (ARO).
Ou seja, pegava o dinheiro no banco para pagar quando recolhesse o equivalente em impostos.
Quércia não pagou as duas operações maiores, deixando um buraco US$ 642 milhões mais fundo no Banespa quando passou o governo para seu sucessor, Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB). O restante da dívida do Estado era de pouco menos de US$ 2 bilhões.
Na mesma época em que Quércia fez sua última ARO, o governo federal proibiu que Estados continuassem se financiando em seus bancos oficiais.
Fleury, portanto, não utilizou o mecanismo. Em 92, Fleury negociou com a então ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, o pagamento da dívida, então em cerca de R$ 4 bilhões.
Como as parcelas não cobriam os juros que engordavam mensalmente, o volume chegou a R$ 9 bilhões no final de 94. Nesse momento, o banco já não conseguia mais fechar o caixa.
O mercado começou a negar crédito ao Banespa, forçando-o a recorrer ao redesconto do BC -espécie de cheque especial para instituições com problema.
No redesconto, além do dinheiro custar mais caro, o BC exige mais garantias.
Quando a necessidade de caixa bateu nos R$ 4 bilhões ao dia o BC decidiu intervir.

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