São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 1996
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Procuradoria suspeita que BC sabia da situação do Nacional

Coincidências entre documentos reforçam suspeita

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A Procuradoria da República suspeita que todos os documentos que resultaram na decretação do Raet (Regime de Administração Especial Temporária) do Banco Nacional e na proposta de compra do banco pelo Unibanco foram feitos pela mesma pessoa, usando o mesmo computador.
O principal indício é que todos os documentos foram impressos com a mesma diagramação, tipologia de letras e espaçamento entre as linhas. Os documentos também foram impressos no mesmo tipo de impressora jato de tinta.
Os documentos são o pedido de decretação da Raet por parte do Banco Nacional, o ato de decretação da Raet por parte do BC (Banco Central), a proposta de aquisição de parte do Nacional pelo Unibanco e a determinação do BC para que o Nacional adquirisse créditos do Bradesco, Itaú e Unibanco junto ao FCVS (Fundo de Compensação de Variação Salarial).
Toda a movimentação foi realizada no dia 18 de novembro do ano passado, um sábado.
A informação é do procurador da República José Leovegildo Oliveira Morais, em resposta a requerimento do deputado federal Milton Temer (PT-RJ), conforme revelou anteontem o colunista da Folha Janio de Freitas.
'Omissão'
Morais suspeita que o BC sabia da situação do Nacional antes de decretar a Raet, mas teria preferido decretá-la após publicar a Medida Provisória do Proer (programa de auxílio a fusões bancárias), no dia 17 de novembro.
"É possível", segundo ele, que este fato configure "crime de prevaricação", pois, "dessa omissão" (de ter demorado a decretar o Raet) pode ter havido "prejuízo ao erário e, até mesmo, favorecimento das partes envolvidas", os bancos Nacional e Unibanco.
Quando prestou depoimento na comissão de inquérito do BC, o presidente do Nacional, Marcos de Magalhães Pinto, não foi questionado sobre a coincidência.

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