São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 1996
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Abertura pragmática

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Está em curso uma discussão interminável sobre a abertura econômica do país. Já dura anos.
Há os que defendem a abertura indiscriminada, pois vêem aí o futuro e a inserção total na economia internacional. As empresas nacionais que se esforcem para competir.
No outro extremo, há os que defendem comedimento na abertura. Acham que os impostos altos no país impedem as empresas de serem competitivas. E que a abertura indiscriminada levará, inevitavelmente, à derrocada da indústria nacional.
O governo brasileiro, com raras exceções, parece ter oscilado, num movimento pendular, entre um extremo e outro da abertura econômica. Agora, chega ao Ministério da Indústria, Comércio e Turismo uma pessoa que diz pretender equilibrar as teses da área.
Sem fazer juízo de valor sobre o currículo passado de Francisco Dornelles, o novo ministro parece ter hoje uma visão pragmática correta para a abertura econômica.
Dornelles tem dito em suas entrevistas que não é protecionista. Apenas considera que a abertura não tem de ser feita apenas no plano filosófico. Deve sempre haver bases concretas. Isso não tem ocorrido no país.
Tome-se a Lei de Patentes. Os mais informados sabem que a lei é necessária e fundamental para o desenvolvimento do país. Só que, coincidentemente, era grande desejo dos EUA que o Brasil adotasse tal legislação.
Tivesse sido pragmático, o governo brasileiro poderia ter arrancado alguma contrapartida. Por exemplo, mais liberdade para exportadores de suco de laranja. Mas isso não feito. Ficou barato para os EUA.
Até os liberais mais exaltados sabem que os Estados Unidos defendem muito bem seus interesses quando se trata de comércio exterior. Nem que isso signifique adotar medidas, numa primeira análise, protecionistas.
É esse tipo de política que Dornelles quer para o Brasil. Se der certo, será o pragmatismo no comércio externo.

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