São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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Marco Aurélio será o presidente do TSE

OLÍMPIO CRUZ NETO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) muda de comando nesta segunda-feira.
O vice-presidente, Marco Aurélio de Mello, assume a presidência do tribunal, substituindo Carlos Velloso, que teve seu mandato encerrado ontem.
"Vamos trocar de cargo. O ministro Carlos Velloso deixa o TSE e assume a função de síndico do prédio onde moram os ministros do Supremo no meu lugar. Com certeza, é mais fácil ser síndico", disse Marco Aurélio à Folha.
Primo do ex-presidente Fernando Collor, que o nomeou há seis anos para integrar o STF (Supremo Tribunal Federal), ele assume a chefia da Justiça Eleitoral com a responsabilidade de conduzir a mais complexa eleição da história política do país.
"Temos pela frente o desafio de conduzir a primeira eleição totalmente informatizada nas capitais e nos municípios com mais de 200 mil eleitores", afirmou.
Sua maior preocupação é com a campanha de esclarecimento sobre as urnas eletrônicas.
"As máquinas eletrônicas são imprescindíveis para combater as fraudes nas eleições, mas quero dar prioridade na campanha sobre o funcionamento delas", disse.
Nascido no Rio, Marco Aurélio, 49, é o mais jovem ministro do STF e tornou-se conhecido depois da decisão de suspender a tramitação da reforma da Previdência.
Apesar de derrotado no julgamento final, ele não se mostra intimidado nem mesmo com as críticas feitas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que considerou pouco "razoável" sua decisão de garantir o uso de "moedas podres" no leilão da Light.
"Em um Estado democrático de Direito -e o Brasil ainda o é-, as decisões judiciais são intangíveis", afirmou em nota à imprensa.
"Espontaneidade maior"
O ministro declarou que já está acostumado às reações contrárias à sua atuação no STF, que devem se repetir agora à frente do TSE.
"Se polêmico for atuar de acordo com as próprias convicções, com o que eu denomino de espontaneidade maior, eu sou um juiz polêmico", disse.
Outro exemplo que demonstra a disposição em manter pulso firme no processo eleitoral é sua declaração favorável à proibição às autoridades governamentais de subir nos palanques de candidatos.
"A restrição foi aprovada pelo TSE para impedir o uso da máquina pública em benefício de candidatos, mas vamos esperar a decisão do STF no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade apresentada pelo PPB", disse.

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