São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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Governador do PA terá de depor no IPM

DA AGÊNCIA FOLHA

O juiz-auditor militar Flávio Roberto Soares de Oliveira determinou ontem que o governador do Pará, Almir Gabriel (PSDB), o secretário de Segurança, Paulo Sette Câmara, e o comandante-geral da PM, coronel Fabiano Diniz Lopes, sejam ouvidos no inquérito que investiga o massacre em Eldorado do Carajás.
"Nenhuma lei impede que o governador, o secretário e o comandante sejam ouvidos como testemunhas do inquérito", afirmou.
Se forem apontados indícios de culpa dos três na ação da PM que resultou nas mortes de 19 sem-terra, eles podem ser indiciados. Nesse caso, o governador deve ser ouvido pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). O secretário e o comandante-geral seriam ouvidos pelo Tribunal de Justiça do Estado.
O governo do Estado informou, por meio da sua assessoria, que não cabe ao governo comentar decisões judiciais e que Gabriel, Câmara e Lopes aguardam uma comunicação oficial da Justiça.
Em reunião com o presidente do IPM (Inquérito Policial Militar), coronel João Paulo Vieira, o juiz comunicou que vai devolver o IPM à polícia para que sejam ouvidos todos os indiciados e testemunhas.
Protestos
Ontem, houve protestos pelos 30 dias do massacre em São Paulo, Rio, Brasília, Belém e Corumbiara (RO), entre outras cidades.
Em São Paulo, o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região realizou uma manifestação em frente ao Teatro Municipal, no centro.
Ao som de "Funeral de um Lavrador", de Chico Buarque, eles carregaram cruzes com os nomes das 19 vítimas da chacina.
No centro de Belém, uma passeata reuniu cerca de mil pessoas, segundo os organizadores (600, segundo a PM). Participaram membros da CUT, dos sem-terra, estudantes e servidores em greve.
Manifestantes identificaram um homem, que filmava tudo em uma pequena câmera, como suposto membro do serviço secreto da PM.
Os deputados do PT Luiz Araújo e João Batista evitaram que ele fosse agredido. O rapaz não quis se identificar, mas acabou cedendo a fita a Batista. Segundo os deputados do PT que a assistiram, havia imagens gravadas na PA-150 após o massacre dos sem-terra.
A bancada petista disse que divulga hoje a fita. A PM e o governo não quiseram comentar o caso.
Em Corumbiara, cerca de 300 sem-terra, que estavam no massacre, cercaram o fórum da cidade com velas pretas e fixaram cartazes com fotos dos sem-terra mortos.
Colaborou a Reportagem Local

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