São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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Autopeças reúne políticos em SP para pedir proteção

Homenagem a presidente da Câmara vira palco para lobby

DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários do ramo de autopeças reuniram ontem, em São Paulo, os principais líderes governistas do Congresso para fazer lobby pela indústria nacional.
Patrocinado pelo Sindipeças, sindicato que reúne as indústrias do setor, o encontro tinha como objetivo oficial realizar homenagem ao presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Mas o almoço, que ocorreu no clube Monte Líbano, serviu para os empresários se queixarem da situação que vivem no momento.
A platéia para as suas queixas era formada por 37 parlamentares, entre deputados federais e senadores, o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) e o prefeito Paulo Maluf (PPB).
O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), foi convidado, mas não compareceu. Mandou o secretário da Casa Civil, Robson Marinho, representá-lo.

Vilões
Os vilões foram a falta de proteção à indústria nacional e a política de juros altos adotada pelo governo Fernando Henrique Cardoso.
Sobrou também para o fenômeno da globalização da economia, que segundo alguns empresários do setor de autopeças, pegou os industriais desprevenidos.
O anfitrião do encontro, o presidente do Sindipeças, Paulo Butori, disse que os empresários do setor vivem na pele a "perversidade do ajuste" econômico do governo.
Para ilustrar a situação, o empresário citou a queda no número de empregos no setor nos últimos anos: em 1990, 340 mil pessoas trabalhavam nas indústrias de autopeças. Este índice despencou para 214 mil atualmente.
O homenageado, Luís Eduardo Magalhães, não sinalizou com nenhuma possibilidade de mudança.
Disse que o governo está no caminho certo, patrocinando as reformas e assegurando a estabilidade do Plano Real.
Segundo Luís Eduardo, a abertura da economia é irreversível, embora haja a preocupação em dar condições de competição à indústria brasileira.
O deputado destacou a necessidade de um ajuste fiscal, o que melhoraria a vida das empresas. "Além do ajuste, o governo Fernando Henrique vai impulsionar as privatizações", disse.
Antes do almoço, Luís Eduardo recebeu, da direção do Sindipeças, uma escultura de dom Quixote, personagem do escritor espanhol Miguel de Cervantes.
Abaixo do tom
Segundo apurou a Folha junto aos empresários que participaram do almoço, o discurso do presidente da Câmara ficou abaixo do tom esperado.
A expectativa era de mais ânimo por parte de Luís Eduardo na defesa dos industriais. Participaram do encontro cerca de cem empresários do setor de autopeças.
O setor, que teve um faturamento no ano passado de US$ 16,5 bilhões, vive o pânico da concorrência do produto estrangeiro.
Os industriais alegaram que a situação do desemprego é grave. Reservadamente, nas conversas durante o almoço de ontem, atacaram a política econômica do governo sem piedade.

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