São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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Comissão acha falhas em livros didáticos

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma comissão formada por 50 professores universitários de todo o país, que analisou durante um ano cerca de 500 livros distribuídos pela FAE (Fundação de Assistência ao Estudante) para alunos da 1ª à 4ª série, concluiu que um terço dos livros tem falhas graves.
As falhas vão desde erros de gramática a textos considerados politicamente incorretos (leia abaixo).
O relatório da comissão foi entregue no início da semana ao MEC (Ministério da Educação e do Desporto). Na segunda-feira, o ministro Paulo Renato Souza deverá apresentar os resultados do relatório em São Paulo.
Ele só recebeu o relatório ontem porque estava na Jamaica e deverá analisar os resultados durante o fim-de-semana.
A comissão foi criada por iniciativa do MEC no ano passado. A análise dos livros foi coordenada pela SEF (Secretaria de Educação Fundamental), órgão do governo federal vinculado ao MEC.
Quase todos os Estados têm membros na comissão. Esse cuidado foi necessário porque a realidade sociocultural dos alunos da rede pública varia muito.
Segundo a Folha apurou, as conclusões do relatório surpreenderam as editoras de livros didáticos pela quantidade de títulos com problemas.
Desde quarta-feira, uma equipe da FAE, coordenada pelo presidente da entidade, José Luiz Portella Pereira, está em São Paulo fazendo reuniões com as editoras para debater o relatório.
Os livros que tiverem erros considerados inaceitáveis deixarão de ser adotados pela FAE. Em casos considerados menos graves, as editoras podem se comprometer a fazer as alterações exigidas.
Quem faz a escolha dos livros didáticos usados em sala de aula são os próprios professores. A FAE não pode impor o uso de um livro, mas pode se recusar a comprar os títulos reprovados pela análise da comissão.
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Além de apontar os livros que contêm falhas graves, a comissão criará um catálogo com sugestões de livros de boa qualidade.
O catálogo será distribuído pelas escolas de 1º grau para orientar a escolha dos professores.
Segundo a Folha apurou, O MEC não quer que a divulgação precipitada do relatório chame mais atenção para os livros de má qualidade do que para os bons exemplos.
A FAE distribui anualmente cerca de 70 milhões de livros didáticos para todo o país, para alunos da 1ª à 4ª série.
Em alguns Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, as próprias secretarias de Educação fazem a compra e distribuição dos livros. A FAE apenas repassa a verba para esses Estados.

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