São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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Exame liga PM libertado a arma do crime

CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A bala que matou Pimpolho, um dos oito menores mortos na chacina da Candelária, em 1993, partiu da arma do policial civil aposentado Carlos Soares, padrasto do PM Carlos Jorge Liaffa, um dos suspeitos do crime. Essa foi a conclusão do exame de balística, divulgado ontem à tarde na DDV (Divisão de Defesa da Vida) da Polícia Civil do Rio.
Liaffa, um dos suspeitos reconhecido pela principal testemunha do caso, Wagner dos Santos, foi libertado na semana passada por falta de provas.
Procurada pela Folha ontem, por telefone, a irmã de Liaffa, que não deu seu primeiro nome, garantiu que a arma de Soares não pertenceu a ninguém antes. "A arma sempre foi dele (de Carlos)."
O delegado Jorge Serra, diretor da DDV, disse que tem informações de que a arma teria sido comprada de um policial civil. Ele disse que não acredita na participação de Liaffa na matança, em 1993.
"Conversei com Liaffa. Ele reafirmou que a arma era do padrasto. Não acredito que seja um matador", disse Serra.
Mesmo assim, Serra vai apurar se o táxi da irmã dele é o mesmo que os sobreviventes garantem ter sido usado pelos matadores.
Serra abriu inquérito administrativo para saber a procedência da arma, que não tem registro.
"Se Liaffa disser que a arma foi repassada por Sexta-Feira 13 (o ex-PM Maurício da Conceição, morto em 1994), não teremos como confirmar", disse Serra.
Na semana que vem serão ouvidos Liaffa, Soares e o capitão da PM Wagner Vilares, que apreendeu a arma no dia 12 de abril deste ano, quando Liaffa foi preso.
Ontem, o delegado ouviu Alcântara, que voltou a inocentar Liaffa. O delegado vai interrogar os outros dois. Serra disse que caberá ao Ministério Público pedir a prisão de Liaffa, caso surjam elementos que indiquem sua participação.
O promotor Maurício Assayag, do 2º Tribunal do Júri, disse que o exame é mais um agravante contra Liaffa. O Ministério Público não pedirá a prisão dele nem oferecerá denúncia antes dos depoimentos.
"O exame só comprova que a arma foi utilizada na chacina. Pode não ter sido usada pelo Liaffa."
Segundo familiares, Liaffa voltará a negar sua participação. Ele alegará que, se tivesse participado da chacina, poderia ter fugido, já que foi solto, dia 10. Liaffa dirá também que, se a arma tivesse sido usada no crime, não teria ficado guardada em casa por três anos.

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