São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996 |
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Paraíso?
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE O comentário é inevitável. Vai para onde? Mônaco, cobrir o GP. Que beleza, hein? Aquele mar, mulheres, todo aquele glamour etc.Honestamente, me sinto uma pulga em Mônaco. Uma excrescência, um incômodo na rotina besta de ricos e famosos. Não, não se trata do velho complexo de terceiro-mundista. Vai muito além disso. Como encarar um lugar que cobra US$ 40 por uma cerveja? Ou entrar em um hotel que cede um quarto com vista para o circuito por nada menos que US$ 4.000? Ah, tudo bem, é por cinco dias. Diária de US$ 800. Legal. Meu cartão de crédito se desintegraria na recepção. Talvez o mesmo acontecesse com meu carro alugado no estacionamento, concorrendo por uma simples vaga com -um colega italiano contou- 16 Ferrari 512M (US$ 200 mil cada, na Europa). Poderia fazer o tipo deslumbrado, estou aqui, então, vou aproveitar. Mas, além de não querer, simplesmente não dá. Além de não ter cacife, o paraíso dos bacanas é um inferno para trabalhar. E as possibilidades que tão limitado circuito abre para uma F-1 cada vez mais disputada, mas ainda distante dos bons tempos, são enormes. Um erro, uma bobagem, pode alterar completamente os destinos da corrida. E é isso que poderá recompensar esse GP. Schumacher está babando por uma vitória. Hill, por sua vez, parece precisar se convencer que tem gabarito para ser campeão. Sem falar em Benetton e McLaren, que estão na linha do tiro, a Jordan tem que provar para Barrichello e para a própria F-1 que pode ser grande. Ou seja, todos os ingredientes para uma boa corrida. E no perfeito cenário, às margens do Mediterrâneo. Um belísssimo lugar, mas que coloca cada um em seu lugar e faz os tolos sonharem. Texto Anterior: Corinthians não passava de um tigre de papel Próximo Texto: Tire sua dúvida 1; Tire sua dúvida 2; Morte Índice |
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