São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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Inés Lombardi é escolhida pela Áustria

GILBERTO DE ABREU
FREE-LANCE PARA A FOLHA, NO RIO

A brasileira Inés Lombardi, 38, será a representante da Áustria na 23ª edição Bienal Internacional de São Paulo. O austríaco Arnulf Rainer, o mais importante artista daquele país, também participa do evento, mas com uma sala especial.
Pela primeira vez a Áustria convida um artista não-austríaco para representar o país. Uma coincidência: será a primeira exposição de Inés Lombardi no Brasil.
"Ter sido escolhida para representar a Áustria na Bienal Internacional de São Paulo me deixa muito contente, não só pelo reconhecimento ao trabalho que desenvolvo, mas também por mostrar, da parte da Áustria, um nacionalismo não hermético com este convite".
A artista desembarca em São Paulo amanhã e na quarta-feira encontra-se com a curadora Brigitte Huck, responsável por sua indicação junto ao ministério da cultura austríaco.
Lombardi pretende apresentar uma instalação em que utilizará fotografias e objetos. A artista ainda não sabe se o trabalho será realizado no Brasil ou em Viena.
A curadora Brigitte Huck, que na edição anterior da Bienal Internacional de São Paulo apresentou os artistas Franz Graff e Henrik Kempinger, reafirma com a indicação de Lombardi a intenção de trazer ao Brasil os artistas mais expressivos em atividade na Áustria.
Lombardi, que cursou o primeiro ano da Faculdade de Artes Plásticas de SP em 1978, mudou-se para a Inglaterra um ano depois: "Meu trabalho tem sempre mais de uma face. Embora tenha estudado pintura, não a desenvolvi de maneira autônoma. Me interessa a relação entre as coisas".
Lombardi acredita que um trabalho constitui-se da relação recíproca entre seus elementos, assim como da relação desses elementos com o espaço e o observador.
Isto se torna claro tanto em trabalhos anteriores, nos quais haviam escultura e fotografia, como também em seus trabalhos atuais com a fotografia.
Lombardi foi aluna de Maria Lassnig na Hochschule Fyur Angewandte Kunst, em Viena, onde diplomou-se como pintora, em 1985. A passagem da pintura para a escultura, e desta para o trabalho atual, que engloba não somente a fotografia, surgiu da necessidade de formar novas relações.
Brigitte Huck afirma que as investigações da artista brasileira representam uma das mais importantes contribuições para a arte contextual já feitas na Áustria.
"Trata-se de um trabalho de arte que rejeita o absoluto em detrimento das relações, referências, diferenças e coerências".

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