São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996 |
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Irmãos Taviani filmam texto de Goethe
AMIR LABAKI
"Les Affinités Électives" (As Afinidades Eletivas) teve lançamento mundial, fora de competição, numa sessão em benefício da reconstrução do Teatro Fenice, de Veneza, incendiado no ano passado. Tentados durante anos por uma versão modernizante de um dos maiores clássicos do romantismo alemão, os Taviani felizmente preferiram ousar sem alterar o contexto histórico do texto original. Toscana Assim, ei-nos em pleno período napoleônico (século 19) no mesmo interior da Toscana utilizada por Bertolucci em "Stealing Beauty" (Beleza Roubada). A estratégia de utilização do cenário é, contudo, oposta. Enquanto Bertolucci faz a beleza da região agregar seus personagens, em "Afinidades Eletivas" a não menos impactante paisagem aguça por contraste o drama que sedia. A trama segue de perto a trágica decomposição de um casal como narrada por Goethe. Ciranda O barão Eduardo (Jean-Hughes Anglade) e Carlota (Isabelle Huppert) têm um casamento tardio que parece perfeito. A chegada de um amigo arquiteto (Fabrizio Bentivolglio) e da enteada de Carlota (Marie Gillain) põe em movimento uma ciranda amorosa. Metáfora A metáfora é famosa: afinidades eletivas é o fenômeno através do qual elementos químicos rompem pares tradicionais para formarem novas combinações quando expostos a novos elementos. As leis da natureza derrotam assim o ainda fresco racionalismo iluminista. Os Taviani rodaram um filme preciso e elegante. Traduzem cinematograficamente Goethe sem trai-lo. É a exceção que confirma a regra. Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Para Ballard, "Crash" supera o seu livro Índice |
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