São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996 |
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Pinacoteca exibe Bahia de Pierre Verger
ANA MARIA GUARIGLIA
Duas gerações de pintores franceses, a mãe, Bertha Worms, e o filho, Gastão Worms, também estarão presentes no evento, apresentando óleos e desenhos (leia matéria na página). As 75 fotos de Verger (1902-1996) redescobrem os descendentes dos deuses e dos orixás africanos. As 40 de Gautherot (1910) caminham entre o povo baiano e as manifestações populares, como a lavagem da igreja do Bonfim, o carnaval e a extinta puxada do xaréu. Memória e reflexão Verger sempre usou sua câmera Rolleiflex, com filmes em preto-e-branco no formato 6 X 6 cm, como veículo para suscitar a memória e incitar a reflexão. Acabou por fazer um documentário riquíssimo sob o ponto de vista humano e científico. Ao atuar como um repórter fotográfico, Verger pesquisou durante 17 anos as relações históricas e mitológicas entre as regiões baianas e as do Golfo de Benim, na África. O resultado foi a criação de belíssimas cenas, revelando a reunião de homens e mulheres para louvar as divindades iorubas. Imagens poderosas estão contidas na intimidade das cerimônias, como as dos banhos de purificação dados aos iniciados do culto. Esses documentos, acompanhados de textos, estão registrados na reedição de "Dieux d'Afrique", lançado em 1954. O livro (editora Revue Noire, R$ 50) poderá ser adquirido durante a exposição. A narrativa transcende a simples curiosidade intelectual e abarca a cultura negra, expondo as origens do candomblé e de seu rituais. Identidade baiana Gautherot chegou ao Brasil em 1939, depois de ler a obra "Jubiabá", de Jorge Amado -a mesma que atraiu Pierre Verger antes de aportar no país, em 1946. Andarilho tal como seu compatriota, Gautherot enuncia a identidade baiana em suas fotos. Na mostra, elas relacionam a tradição e a contemporaneidade. São cenas da vida cotidiana, as festas, o povo humilde, o trabalho ao longo do rio São Francisco, e no meio urbano, entre os barcos de frutas e de peixes. Gautherot reside atualmente na cidade do Rio de Janeiro. Fez parte do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), e foi repórter fotográfico da revista "O Cruzeiro". Exposição: Bahia, África, Bahia Onde: Pinacoteca do Estado (av. Tiradentes, 141, tel. 011/227-6329, zona central de São Paulo) Abertura: hoje, às 13h; de terça a sexta, das 11h às 18h; sábados e domingos, das 13h às 18h; até 9 de junho Entrada: franca Exposição: Os Worms - Bertha/Gastão Worms Onde: Pinacoteca do Estado (av. Tiradentes, 141, tel. 011/227-6329, zona central de São Paulo) Quando: Terça a sexta, das 11h às 18h. Sábado e domingo, das 13h às 18h. Até 9 de junho. Entrada: franca Texto Anterior: Bailarinos louvam velha escola Próximo Texto: Mostra traz mãe e filho Índice |
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