São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Turismo segue a trilha da água do lençol

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas e a indústria do turismo estão olhando para o oeste do Estado na mesma direção que avança o aquífero Botucatu. O IPT já está fazendo estudos para indústrias que querem se instalar em regiões onde a água é boa, farta e barata.
Hotéis de Foz do Iguaçu estão perfurando poços para abastecer de água quente suas piscinas. Poços de mil metros ou mais fornecem água com temperaturas que vão de 40 a 60 graus centígrados.
"Estamos perfurando poços para termas em São Paulo, no Paraná e no Uruguai", diz Carlos Eduardo Giampá, sócio da Hidrogesp, uma empresa de São Paulo que já furou 1.500 poços.
Os maiores interessados na água do Botucatu são as companhias estaduais ou municipais de saneamento. Mais de 50 municípios do Estado de São Paulo já são servidos em parte por água subterrânea. Ribeirão Preto só retira água do subsolo.
Araraquara, Matão, Sertãozinho e Araçatuba estão entre as cidades que utilizam cada vez mais água de poços profundos. "A agua subterrânea, em geral, não precisa de tratamento. Seu custo é pelo menos cinco vezes menor que a água recolhida da superfície", diz Aldo Rebouças.
Uma cidade de 100 mil habitantes pode ser abastecida por dois poços com vazão de 500 mil litros por hora cada um. "O investimento nos poços seria de de R$ 2,5 milhões. Só uma estação de tratamento custaria quatro vezes mais", estima Carlos Giampá. A captação da água e o pessoal operacional elevariam ainda mais esses custos.
Pequenas cidades ou povoados de 500 a 5.000 habitantes poderiam ser abastecidos por poços de até 200 metros, retirando água do aquífero chamado de Bauru, mais raso, e que se estende por grande parte do Estado.
As vantagens são tantas que até uma entidade -a Abas, Associação Brasileira de Águas Subterrâneas- foi criada para incentivar seu uso. Núcleos regionais já existem em vários Estados. O fundador da Abas, Aldo Rebouças, diz que a municipalização e terceirização dos serviços de água e esgoto previstas em lei do ano passado vêm aumentando o uso da água subterrânea.
"A globalização exige maior concorrência e competitividade", afirma. "O uso da água subterrânea é uma tendência mundial."
(AB)

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