São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Cidade joga fora 4 milhões de litros ao dia

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO; AURELIANO BIANCARELLI
DA FOLHA NORTE

A Prefeitura de Pereira Barreto (625 km a noroeste de São Paulo) joga no rio Tietê, todos os dias, uma média de 4 milhões de litros de água própria para o consumo.
A água é desperdiçada porque não há reservatórios para guardar a sobra da produção do poço que abastece a cidade.
A capacidade dos reservatórios de Pereira Barreto, município que possui aproximadamente 30 mil habitantes, é estimada em 1,9 milhão de litros.
Ladrão
Quando os reservatórios ficam cheios, entre 22h e 6h, a água é desviada por um "ladrão" e vai até o Tietê. Vieira afirma que o desperdício só vai acabar quando for construído um reservatório com capacidade para pelo menos 4 milhões de litros.
Antes de chegar às 15 mil ligações da região, a água -que sai do poço à temperatura de 48°C- é resfriada e recebe cloro, para prevenir eventuais contaminações.
Segundo Vieira, não é possível fechar o poço, que não utiliza bombas, apesar de o lençol d'água estar a 833 metros da superfície.
"O poço é jorrante. A água sai naturalmente", afirmou.
O geólogo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP), José Luiz Albuquerque Filho, considera a perda dessa água "um desperdício inaceitável".
"Estamos jogando fora uma água que tem milhares de anos. Há tecnologia disponível para conter a vazão de um poço como esse."
Segundo datação feita pela geóloga Rosa Beatriz Gouveia da Silva, a água que jorra do poço de Pereira Barreto tem mais de 10 mil anos.
Albuquerque afirma que a perfuração e o controle da vazão dos poços devem ser feitos com tecnologia. Poços muito próximos podem causar rebaixamento das camadas.
Falta de manutenção e descaso no revestimento dos poços podem provocar infiltrações entre mananciais superpostos, facilitando a contaminação dos aquíferos e aumentando custos e desperdícios.

Colaborou Aureliano Biancarelli, da Reportagem Local

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