São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Serviço puxa PIB neste ano, prevê estudo

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor de serviços vai puxar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, uma medida da riqueza nacional) este ano, que deve ficar entre 2,6% e 3,6%. A conclusão é de estudo preparado pela MB Associados.
A taxa de crescimento do PIB depende do comportamento esperado da indústria. A MB traça três cenários possíveis, com crescimento zero, de 1% e de 2%.
Crescimento zero no ano, porém, não significa estagnação. A indústria vai cair no primeiro semestre e recuperar no segundo -exatamente o oposto do que aconteceu no ano passado.
Segundo o consultor Celso Toledo, a incerteza que motivou a adoção de três cenários é a dúvida sobre o impacto dos importados na produção industrial doméstica.
"Apesar do bom comportamento das vendas, o principal indicador de produção industrial tem mostrado um desempenho aquém do esperado nos dois primeiros meses do ano", afirma.
O bom comportamento das vendas explica a performance dos serviços. "O patamar de renda deve continuar relativamente alto."
A massa de rendimentos cresceu, em termos reais, 14,4%, comparando-se a média dos dois primeiros meses deste ano com o mesmo período do ano passado.
Toledo afirma ainda que, como a inflação segue baixa, não há razões para supor que haverá uma forte deterioração do poder aquisitivo.
Nos últimos anos (veja gráfico), o setor de serviços apresentou forte resistência à queda. Até mesmo no Plano Collor, enquanto a indústria caiu 8,2%, os serviços perderam apenas 0,8%.
Para este ano, espera Toledo, o patamar mínimo de crescimento do setor será de 5%.
O comércio (31% do setor de serviços), especialmente os grandes varejistas, que mantêm uma capacidade de oferecer crédito ao consumidor, deve apresentar um bom desempenho. O setor de transportes (11%) também será favorecido pelo escoamento das importações e dos estoques agrícolas governamentais -70% dos quais localizados na região Centro-Oeste.
Flávio Nolasco, da MA consultores, traça um cenário parecido com o de Toledo, embora projete um crescimento do PIB mais modesto, de 2,2%.
Para ele, também será o setor de serviços que vai puxar o PIB. Mas, além do renda, Nolasco diz que o principal motivo do crescimento "é um efeito da globalização".
Por conta do ajuste na indústria, "o empresário acaba demandando uma série de serviços, como o de consultorias, e terceiriza".

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