São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Trabalho voluntário atrai os novatos

CARLA ARANHA SCHTRUK
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o trabalho voluntário já foi encarado como pura atividade filantrópica, hoje não é mais assim.
Pelo menos não para universitários ou recém-formados que vêem o voluntariado como porta de entrada para o mercado de trabalho.
"Está cada vez mais difícil encontrar emprego na área, por isso muitos começam agora como voluntários", afirma o consultor de empresas Laerte Cordeiro, 65, da Laerte Cordeiro e Associados.
Segundo uma pesquisa do CRP (Conselho Regional de Psicologia), feita em São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, entre 94 e 95, cerca de 5% dos psicólogos fazem trabalho voluntário.
"É um número alto. O problema é o desemprego que atinge 30% da categoria e, consequentemente, a vontade de trabalhar a qualquer preço", diz Ana de Carvalho, 43, coordenadora da Comissão de Psicologia e Trabalho do CRP.
Entre os advogados, que também estudam a atividade voluntária, são aproximadamente 3% os que trabalham dessa forma.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) possui escritórios experimentais para universitários. Lidam com direito civil, de família e penal. São supervisionados por advogados, também voluntários.
"Aqui os universitários têm oportunidade de trabalhar com várias áreas do direito, o que pode ser mais difícil em escritórios particulares", diz o advogado Milton Nogueira, 36, chefe administrativo do escritório experimental.
Segundo ele, o mais difícil no trabalho voluntário é saber lidar com os diferentes tipos de pessoas que procuram as entidades. "Já houve gente que veio reclamar a alma roubada", conta o advogado.
No voluntariado, espírito de doação e vontade de contribuir com a comunidade são imprescindíveis. "Sem isso, o sujeito abandona o voluntariado em uma semana", diz Laerte Cordeiro.

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