São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Aventura faz parte do dia-a-dia

DA REPORTAGEM LOCAL

Aventura também pode fazer parte do cotidiano do voluntário. É o caso de Sara Turcotte, 30, médica canadense que veio para o Brasil em 92 pela associação internacional Médicos Sem Fronteiras.
Ela trabalhou junto aos índios ianomamis em plena floresta amazônica, em Roraima. "Não havia luz elétrica nem água encanada, mas foi ótimo."
Sara ajudou a sanar uma epidemia de malária e a implantar um programa governamental para o diagnóstico da doença.
"Peguei malária, vivi em condições precárias, mal falava o português, mas fiz o que tinha vontade de fazer, ajudar um país em desenvolvimento."
Para a dentista Sandra Monson Rúbio, 29, a aventura do dia-a-dia é outra. Ela é voluntária na APCD (Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas), que atende a população carente.
"Às vezes preciso acalmar gente que leva susto com o próprio consultório, porque nunca foi ao dentista antes, não viu nenhum daqueles aparelhos."
O segredo para começar o trabalho em um caso como esse, diz, é se armar de paciência e tato.
Para Sandra, não é qualquer um que leva adiante a atividade. "Precisa ter bom astral e nunca pensar que está deixando de ganhar dinheiro", alerta.
Segundo ela, trabalhar como voluntária dá a oportunidade de "ter uma visão ampla de como deve ser feito o atendimento".
Euro Bento Maciel Filho, 21, que é voluntário na OAB, também aponta várias vantagens no trabalho voluntário.
A maior delas, para ele, é a oportunidade de acompanhar todas as etapas do trabalho.
"O melhor do escritório da OAB é que fazemos do atendimento ao cliente à análise de processos, claro que sempre com a orientação de advogados."
Ele diz que já fez estágio no escritório do pai, também advogado, e hoje prefere o experimental da OAB a particulares.
"Ganho muito mais experiência aqui, onde não fico limitado a uma só área do direito, ao contrário do que costuma acontecer em escritórios particulares."
Casos curiosos, para quem atende ao público em geral, também não faltam. "Há umas pessoas estranhas que chegam aqui com as queixas mais esdrúxulas, mas aí não aceitamos."

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