São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Retorno das organizadas seduz 43%

Jogadores querem emoção

VALMIR STORTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Proibidas de entrar nos estádios desde o dia 26 de agosto do ano passado, depois que torcedores do São Paulo e do Palmeiras lutaram no gramado do Pacaembu, na final da Supercopa São Paulo de Juniores, as torcidas organizadas deixaram saudades em 43,1% dos jogadores entrevistados pela pesquisa da Folha.
Disseram não sentir falta das organizadas 55,7% dos pesquisados.
"Dá mais emoção nos estádios", escreveu um jogador em um dos questionários.
A afirmação vai de encontro com o discurso de Marco Fabio Freitas, 21, vice-presidente da Torcida Independente do São Paulo.
"Para o jogador, o que vale é o incentivo que recebe das arquibancadas, e quem incentiva no Brasil são as organizadas. O torcedor avulso até vaia, mas dificilmente agita quando o time precisa."
Os 43% que se pronunciaram favoráveis às organizadas não satisfizeram Cosmo Damião, presidente da Torcida Jovem do Santos.
"O resultado dessa pesquisa é uma derrota que não aceito. Esses 43% são os verdadeiros profissionais do futebol, não são mercenários", afirmou.
Coincidência ou não, sem as organizadas, neste ano a média de público no Campeonato Paulista caiu de 6.712 pagantes por partida do ano passado para 6.300 até a rodada do meio de semana.
Violência
Entre os consultados favoráveis à volta das uniformizadas para os estádios, vários questionários foram devolvidos com observações "mas sem violência" ou "mas teriam que ser menos violentas".
Desde a "guerra do Pacaembu", ocorrida no dia 20 de agosto, as organizadas de São Paulo tiveram sua liberdade cerceada e foram banidas dos estádios do Estado.
"Aquele foi um episódio que denegriu a imagem das torcidas. Nós assumimos a nossa culpa, mas a PM não diz que o policiamento era insuficiente para aquele jogo", disse Marco Fabio Freitas, da Independente.
"Estamos aguardando uma decisão da justiça para voltarmos a funcionar normalmente."
Oficialmente, a Independente está fechada desde 20 de setembro do ano passado, mas a sede ainda funciona no centro de São Paulo.
Vingança
Para Freitas, a oposição da maioria se deve às cobranças que as torcidas fazem junto aos jogadores.
"As organizadas são como os sindicatos. Nós fazemos exigências e, por isso, somos repelidos."
Suspeita semelhante tem Paulo Serdan, presidente da Mancha Verde do Palmeiras, fechada desde 11 de setembro do ano passado.
"Tem que analisar que quem já foi cobrado pelas torcidas deve ter votado contra. Alguns jogadores se irritam", disse.

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