São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Camelôs chineses vendem CDs piratas a US$ 0,75 e irritam EUA

STEVE CRAWSHAW
EM SHENZHEN (CHINA)

Uma multidão animada se reúne numa calçada em Shenzhen, sudeste da China, interessada no que está espalhado no chão, não nas torres de concreto e vidro espelhado que se multiplicam mês após mês. Nas ruas de Shenzhen, CDs estão sendo vendidos a cerca de US$ 0,75 cada.
Pink Floyd, Red Hot Chilli Peppers, Mendelssohn: a escolha é ampla. A venda de CDs nas ruas desta cidade, que vive um crescimento econômico acelerado por ser uma "zona de empreendimentos especiais", remete às raízes de um conflito acirrado entre a China e os EUA, que acaba de voltar à tona. Os americanos estão furiosos com os chineses porque estes produzem CDs e CD-ROMs pirateados, burlando direitos autorais. Washington ameaça com sanções, e os chineses dizem que estão tentando controlar a situação.
"Num país de 1,2 bilhão de pessoas, o que podemos fazer?" disse um empresário em Shenzhen. "Essas coisas podem ser fabricadas numa garagem qualquer. É impossível coibi-las completamente". Falta sinceridade à desculpa. A China já se mostrou notoriamente relapsa no passado. Como observou o "South China Morning Post", "quanto tempo Pequim levaria para fechar fábricas de material subversivo?".
Apesar disso, porém, a defesa chinesa não é de todo falsa. Várias fábricas foram realmente fechadas nos últimos 12 meses. O próprio fato de que os CDs estão à venda pode ser reflexo de uma repressão parcial. Quando os CDs foram confiscados, eles e suas caixas tiveram as bordas cortadas, porque eram ilegais. Os CDs danificados teriam caído da traseira do caminhão dos investigadores e assim aparecido nas ruas. Mesmo quando a pirataria está sendo reprimida, há poucos aspectos da vida local intocados pela corrupção.

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