São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996 |
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Ex-terrorista do IRA reza pelas vítimas
IGOR GIELOW; ADRIANA ZEHBRAUSKAS
Já Roy Walsh, 48, diz ter "pena" dos inocentes mortos em ambos os lados. "Mas é uma guerra. E todo conflito infelizmente traz isso", diz Walsh, que ficou encarcerado durante 21 anos -entre março de 1973 e março de 1994. Ambos levaram a Folha até o The Felons, uma espécie de clube secreto republicano na Falls Road, no oeste de Belfast. Lá, cerca de 60 ex-prisioneiros e membros do IRA se reúnem toda a noite para beber, ver filmes, jogar sinuca e lembrar seus mortos. Para entrar, só com identificação pessoal em circuitos internos de TV. O salão ostenta nas paredes cartazes republicanos e um vitral com rostos e nomes dos dez presos mortos na greve de fome de 1981. Ficção Na TV, ironicamente, o filme em curso era "Velocidade Máxima", sobre um terrorista que ameaça passageiros de um ônibus com uma bomba. "É engraçado", disse Walsh, "ver como os americanos exageram no fogo das explosões". Ele entende de explosivos. Em 1973, ele colocou com outro terrorista quatro bombas em carros espalhados em diversos pontos de Londres. Duas -uma em frente à Alta Corte e outra em frente a um quartel do Exército- explodiram. As outras duas foram desarmadas. Walsh e o amigo foram presos quando voltavam para Belfast. Pegaram prisão perpétua. "É a pior coisa sentir que a tortura pela qual você passou pode durar a vida toda. Mas é parte do dever", disse. "Minhas explosões feriram 200 pessoas, e fui acusado de matar um soldado britânico. Sinto pelos inocentes, mas é parte do jogo." Walsh passou por 14 prisões britânicas antes de ser transferido para Maghaberry, na Irlanda do Norte. Pouco depois, foi libertado, parte de um pacote de anistias. McClenaghan agora é um dos diretores do Comitê para Transferência de Prisioneiros Irlandeses. Walsh ajuda o comitê, que tenta trazer presos da Grã-Bretanha para a Irlanda do Norte, além de ajudar na reintegração à sociedade. Ao todo, há cerca de 400 pessoas presas por terrorismo no Reino Unido -metade ligada ao IRA, metade aos unionistas. Na Irlanda do Norte, de 1.900 presos, 60% são ligados a atos violentos relacionados a extremistas -não necessariamente o terror. (IGOR GIELOW e ADRIANA ZEHBRAUSKAS) Texto Anterior: Conheça a vida de Gerry Adams Próximo Texto: Pub vira 'quartel-general' dos católicos Índice |
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