São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Lamentável impunidade; Barril de pólvora; Constrangimento; Em cada esquina; Amarga ironia; Crítica pertinente; Emoção em falta; Verdade escancarada; Exploração lamentável; Multa

Lamentável impunidade
"Já se passaram quase quatro anos do massacre de 111 presos no Carandiru e nenhum culpado por esses crimes foi apontado ou julgado.
Além dessa impunidade, dois desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo elogiam a conduta arbitrária e ilegal daqueles policiais militares, conforme os laudos claramente demonstraram.
Espero que a Justiça de São Paulo possa corrigir essa lamentável decisão.
Por essa razão concordo inteiramente com a opinião do Núcleo de Estudos da Violência da USP."
Beatriz Segall, atriz (São Paulo, SP)

Barril de pólvora
"Em um país com a grandiosidade do nosso, com a concentração da renda nas mãos de menos de 5% da população e com os indicadores sociais que estão aí para quem quiser ver, entendo que sem a prática de democracia econômica a democracia política não sobreviverá.
Os movimentos articulados em todo o país são sinais evidentes de que a pressão vem subindo.
Juntemos a isso os interesses alienígenas de nos ver de joelhos perante o mundo e os grupos nacionais voltados para seus interesses mesquinhos e vemos que estamos todos sentados sobre um barril de pólvora que precisa apenas da fagulha da idéia para explodir!"
José de Mattos Medeiros Junior (São Paulo, SP)

Constrangimento
"Venho tendo felizes surpresas ao chegar a locais que normalmente frequento e perceber algumas adequações facilitadoras de acesso às pessoas portadoras de deficiências.
Tem me indignado, entretanto, a reação de alguns proprietários que se revoltaram contra a determinação de uma lei municipal que obriga tal acessibilidade e insistem em manter os 'sistemas operacionais' que, carregando essas pessoas no colo, 'permitem' a entrada nos locais, causando tanto constrangimento que corroboram com o preconceito de que estas nada podem fazer sem ajuda, sendo sempre 'alvo de curiosidade e centro de atenções, penalizadas'."
Ricardo Hodish, presidente do CVI -Centro de Vida Independente Paulista (São Paulo, SP)

Em cada esquina
"Em resposta à carta do leitor Lincoln Macedo, de Edimburgo ('Painel do Leitor', 12/5): quando um escocês falar do problema das crianças, lembre-o de Dunblane, onde diversas delas foram assassinadas.
Quando alguém falar da violência no Rio, destaque que a cidade tem mais habitantes que toda a Escócia e que provavelmente é tão violenta quanto Londres, ou até menos.
Quando mencionarem a barbárie de nosso país, peça que olhem para os seus 'hooligans'.
Quando viajo e me vejo em situações semelhantes à de Lincoln Macedo, recomendo: 'Não perca a oportunidade de conhecer um país maravilhoso e um povo alegre por causa de problemas que você pode encontrar na esquina da sua casa'."
Renato S. Beninatto (Rio de Janeiro, RJ)

Amarga ironia
"Haverá realmente 'povo' para os nossos políticos? Quantos séculos se passaram desde os romanos, e o que mudou?
Hoje caberiam bem, aos que elegemos, as palavras do historiador A. Malet ('História de Roma') sobre o imperador Constantino (306-337):
'É difícil considerá-lo como virtuoso, posto que fez matar a seu sogro, à sua cunhada, a seus filhos e à sua mulher. O que se pode dizer, com certeza, é que foi um político hábil'.
Mesmo que não tenha sido essa a intenção do historiador, resta-nos uma amarga ironia."
Flávio Girão Carvalho (Ubatuba, SP)

Crítica pertinente
"A crítica do ombudsman ao comportamento da imprensa no debate que envolve os funcionários públicos (21/4) é pertinente e fundamentada em raízes sólidas.
O quadro de salários médios do funcionalismo federal, atualmente em greve, publicado por esta Folha, mostra que o salário do funcionário público não é nenhuma maravilha.
Se o jornal atentasse para a folha de pagamento dos funcionários da saúde no Estado de São Paulo, veria que o salário médio é ainda menor do que o pago na esfera federal. O piso salarial na saúde é de R$ 150.
Na saúde, quem ganha um bom salário não é o funcionário concursado. Os vencimentos mais polpudos são pagos para os detentores de cargos de confiança."
Denise Motta Dau, diretora do Sindsaúde -Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Emoção em falta
"Li o artigo de Ivan Izquierdo na Folha de 12/5, 'Brava gente brasileira', e fiquei ainda mais triste em saber que tanta desgraça parece não comover nossos políticos, os quais também parece adulterarem a realidade para continuar no poder."
Jésus Silveira Machado (Itu, SP)

Verdade escancarada
"A leitura do artigo de Marilene Felinto publicado em 23/4 escancarou em mim a desfaçatez de FHC gritando, vociferando, babando o óbvio naquele comício em Porto Seguro; comportando-se abertamente como candidato; falando como se estivesse na oposição, desejo manifesto nele, principalmente no discurso."
Edmilson Oliveira da Silva, assessor de imprensa da Escola de Políticas Públicas e Governo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)

Exploração lamentável
"A exploração que a Folha vem fazendo da carta do Glauber Rocha, publicada no Mais! de 5/5, é lamentável.
Instigar a discórdia entre elementos de uma classe tão frágil como a nossa é muita maldade.
Sobre o Hector Babenco, envolvido na polêmica, posso afirmar que é um dos profissionais mais sérios que já conheci, um dos que mais gerou empregos para os técnicos brasileiros."
Tony de Souza, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Multa
"A Folha informou que o Sindicato dos Metroviários e o Metropolitano (Metrô) serão obrigados a pagar multa de R$ 60 mil cada um pela greve dos trens urbanos.
O Metrô é empresa e pagaria a multa com dinheiro arrecadado dos próprios usuários prejudicados com a 'greve abusiva'.
O correto é que a multa recaia sobre os grevistas, que devem ser descontados de seus próprios salários, proporcionalmente ao que ganham
E o Congresso Nacional que saia de sua letargia e regulamente a greve nos serviços essenciais, prevista na Constituição."
Tito Livio Fleury Martins (São Paulo, SP)

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