São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Light pode atrair investimento para o RJ

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Segunda maior contribuinte de ICMS do Estado do Rio de Janeiro, com R$ 200 milhões anuais (perdendo apenas para a Petrobrás) a Light - Serviços de Eletricidade S.A. vai a leilão amanhã e, privatizada, pode se transformar em importante pólo de atração de investimentos para o Rio.
Produzindo energia barata, mesmo sendo estatal, a Light terá que, por força do edital de privatização, manter o mesmo preço real de tarifas nos próximos oito anos, assim como, no mínimo, o seu atual nível de qualidade de energia.
A tarifa média da Light, segundo informações do Sinergia (Sindicato das Indústrias de Energia Elétrica), é de US$ 40 por megawatt/hora. Em São Paulo, o custo é de US$ 60 por megawatt/hora.
O nível de qualidade é medido pelo número de horas em que é cortado o fornecimento e pela frequência com que isso ocorre.
Os consumidores da Light, hoje, ficam sem luz, em média, durante nove horas por ano (cada ano não-bissexto tem 8.760 horas) e estão sujeitos, também em média, a oito cortes de energia por ano.
O superintendente da Light, Sérgio Malta, informa que, pelas regras do edital de privatização, além de manter a tarifa por oito anos, os novos donos têm obrigação de manter ao menos os atuais índices de qualidade da empresa.
Crescimento industrial
Na visão de Malta, com energia boa e barata fornecida para a região metropolitana do Rio e o sul do Estado, onde estão se concentrando importantes indústrias (como a fábrica da Volkswagen em Resende), a Light pode alavancar o crescimento industrial do Estado.
"Quem quiser construir uma fábrica saberá que, nas regiões em que a energia é fornecida pela Light, o preço real será mantido por oito anos", disse Malta.
Pelo edital, a correção será pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), da FGV (Fundação Getúlio Vargas), e excluirá o preço da energia fornecida por terceiros.
Hoje, a Light produz 15,2% da energia fornecida para os consumidores. O resto é comprado de Furnas Centrais Elétricas (53,4%) e Itaipu Binacional (31,4%).
Isso acontece porque, desde a década de 60, a Light está proibida de investir em geração de energia. Ela mantém as quatro usinas que tinha naquela época, quando eram suficientes para atender a toda a demanda do mercado.
Malta diz que a Light vem implementando medidas de ajuste que têm melhorado a produtividade da empresa. Como exemplo, cita a comparação de megawatt por empregado, que, em 1985, era de 1.273 e, em 1995, chegou a 1.986.
Também o número de clientes por empregado tem aumentado. Em 1985, era de 172. Passados dez anos, chegou a 249.
Sem contar os resultados da Eletropaulo (separada da Light e integrando agora a Lightpar), a Light deu lucro de R$ 183 milhões em 1994 e de R$ 205 milhões em 1995.
No primeiro trimestre de 1996, a empresa apresentou resultado positivo de R$ 62,5 milhões.
A maior parte da energia distribuída pela Light é para as indústrias (39%). As residências recebem 29,3%, o comércio, 19,7%, e outros, 12%. A maior fonte de faturamento, no entanto, são as residências, com 37,7%.
Somente a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), localizada em Volta Redonda e candidata à compra da empresa, consome 10% de toda a energia transmitida pela Light. É a maior consumidora individual da concessionária de energia elétrica.

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