São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Ministros acham que queda é passageira

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"O político é julgado pelos resultados no fim do governo", disse ontem o vice-presidente Marco Maciel, ao comentar pesquisa Datafolha publicada ontem que apontou apenas 25% de aprovação para Fernando Henrique Cardoso -contra 38% em março.
A maioria dos ministros e alguns parlamentares ouvidos pela Folha acreditam que a baixa popularidade de FHC deve ser momentânea.
Mas para o senador Jefferson Peres (PSDB-AM) e a líder do PT na Câmara, Sandra Starling (MG), a pesquisa Datafolha mostra que "acabou a lua-de-mel" do governo FHC com a sociedade.
Entre os ministros, a opinião comum é a de que o governo precisa das reformas constitucionais.
"A dificuldade do presidente é a de governar esse modelo político e administrativo que tem mais de 60 anos", disse Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos).
José Serra (Planejamento) disse que os números da pesquisa "não preocupam, mas devem ser considerados". Serra credita a queda na popularidade de FHC à repercussão negativa do massacre de 19 sem-terra no Pará, há um mês.
"Expectativa monárquica"
Para o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária), a população vive hoje "uma expectativa monárquica do presidente, achando que ele pode e deve tudo".
Segundo ele, as reformas necessárias para a consolidação do Plano Real estão demorando, e isso "gera desgastes à imagem do presidente".
O vice-líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF), acha que a pesquisa trouxe um recado: "A pesquisa reproduz um quadro real: as pessoas não querem só a estabilidade, elas esperam um passo adiante".
Maciel disse que "muitas vezes providências indispensáveis podem ter efeito imediato desfavorável junto à opinião pública enquanto seus resultados positivos ainda não se fizerem repercutir".
Ao comentar o fato de que 69% dos entrevistados pedem prioridades para educação, saúde e habitação, o ministro Paulo Renato (Educação) disse que "tem havido certo exagero nas críticas ao trabalho social do governo".
Luiza Erundina, candidata do PT à prefeitura paulistana, atribuiu ao aumento do desemprego a queda na popularidade de FHC.
O senador Esperidião Amin (PPB-SC) vincula a queda da popularidade à falta de ação do governo na reforma agrária e no combate ao desemprego.
FHC em SP
FHC passou o fim-de-semana em São Paulo. Praticamente não deixou seu apartamento em Higienópolis (na região central).
No sábado, visitou o Hospital das Clínicas com o ministro Adib Jatene (Saúde) e recebeu o ex-presidente do BNDES, Edmar Bacha, por quase quatro horas, em seu apartamento.
FHC embarcou de volta a Brasília por volta das 19h de ontem. Ele não comentou a pesquisa.

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