São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Secretário diz que sabia preço de moradia

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário municipal de Obras e Vias Públicas, Reynaldo de Barros, admitiu ontem que a prefeitura sabia da previsão dos apartamentos e de seu provável custo.
"A princípio, pensei que fôssemos construir um colégio. Quando vi o projeto dos apartamentos, a coisa ficou complicada, pelo acréscimo de cerca R$ 70 milhões ao custo da obra".
Auditoria feita pelo TCM (Tribunal de Contas do Município) avaliou o custo dos apartamentos entre R$ 80 e R$ 90 milhões.
Segundo o secretário, a decisão do prefeito, Paulo Maluf, de construir o colégio, foi política.
"Toda a preocupação de quem critica o projeto também é política. A construção dos prédios é legal."
Para Paulo Planet Buarque, conselheiro do TCM (Tribunal de Contas do Município) que apresentou relatório contra a construção dos apartamentos, a preocupação é com o dinheiro público.
"O dinheiro municipal deveria ser aplicado na construção de casas para os necessitados do município", disse Planet.
A construção do Colégio Militar no Ibirapuera (zona sul) está prevista num convênio entre prefeitura e Exército aprovado pela Câmara Municipal em novembro de 95.
O acordo prevê que a prefeitura pague a construção do colégio e de suas instalações, orçada em R$ 120 milhões em edital da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização). O Exército cedeu o terreno, de 120 mil m².
Junto ao colégio, estavam previstos quatro prédios com 312 apartamentos para oficiais e materiais de alto padrão, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Na semana passada, a reação da prefeitura e da Secretaria Municipal de Vias Públicas à repercussão do caso desagradou ao Exército. Eles disseram, por intermédio de assessoria de imprensa, que não conheciam detalhes do edital.
Segundo eles, o Exército seria responsável pelo projeto. Ontem, o secretário reiterou que não sabia dos detalhes do edital.
Suspensão
O comandante militar do sudeste, general Paulo Neves Aquino, divulgou comunicado à população afirmando que deseja suspender temporariamente o convênio para a construção do Colégio Militar.
O Exército está descontente com a repercussão "emocional" da divulgação do projeto.
Para os vereadores do PT Adriano Diogo e José Eduardo Cardozo, que fizeram representações ao Ministério Público pedindo a suspensão da obra, a decisão do Exército foi "correta" e "sensata".
Para Barros, não há problema em parar a construção. "Se o prefeito mandar, paro." Nem ele nem Maluf haviam recebido oficialmente o comunicado até ontem.

Texto Anterior: LIVROS JURÍDICOS
Próximo Texto: Acusado de matar idosas é preso em MG
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.