São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Estudo de Lerner defende novo conceito de moradia

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Paraná, Jaime Lerner, apresenta na próxima quinta-feira, em Washington (EUA), relatório com o diagnóstico dos problemas mais sérios enfrentados pelas cidades da América Latina e Caribe.
O relatório havia sido encomendado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) a uma comissão de "notáveis" de setores como habitação, transporte e saneamento. Lerner foi nomeado coordenador da comissão.
O documento será levado ao Habitat 2 (Conferência de Assentamentos Humanos da ONU), que acontece em junho, na Turquia.
O principal ponto do relatório reforça a necessidade de criação do conceito de "direito à cidade".
Esse conceito é mais amplo do que o direito à moradia, porque, além de habitação, prevê que as pessoas tenham direito de viver em cidades seguras, democráticas, produtivas e justas, por exemplo.
Fora do programa
Na "Agenda do Habitat" -carta de intenções a ser aprovada pelos países participantes ao fim da reunião- não está prevista inclusão da expressão direito à cidade.
O relatório também recomenda que os documentos elaborados a partir de debates sobre a vida nos centros urbanos não se limitem a constatações. "O enfoque em relação às cidades deve ser da mudança, não da simples constatação da tragédia", afirma Lerner.
Outra sugestão do documento é a criação de um órgão vinculado à ONU para se ocupar apenas dos problemas das cidades.
Plano de Ação
A versão do Plano Nacional de Ação -documento do Governo Federal que que será levado ao Habitat 2- não atendeu à maioria das reivindicações feitas pelas ONGs (organizações não-governamentais).
Elas queriam que o governo se comprometesse a eliminar o déficit de 2,8 milhões de moradias da população que recebe até cinco salários mínimos até o ano 2000.
O plano prevê a construção de 1,5 milhão de casas, com recursos da ordem de R$ 29,2 bilhões. A construção das moradias será feita por mutirões e outras práticas de autogestão, como as ONGs haviam sugerido.

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