São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Juros no cartão chegam a 435% ao ano

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O governo estabeleceu novas regras para o crediário a partir do início deste mês. Houve diminuição de imposto (IOF), de 12% para 6% ao ano, e maior liberdade para o mercado esticar prazos e reduzir juros.
Os resultados ainda são pífios em termos de queda dos juros no crediário.
Algumas financeiras tentaram, neste mês, compensar os prejuízos com prestações em atraso, elevando os juros praticados nos financiamentos.
No início de maio, os juros no crédito direto ao consumidor (crediário) variavam entre 7% e 8,15% ao mês.
Na semana passada, os juros no crediário situavam-se entre 6% ao mês (101% ao ano) e 9,5% ao mês (197% ao ano). Isso significa que, em geral, o consumidor paga com os juros do crediário mais do que o dobro do valor atual do produto em um financiamento de 12 meses.
Os salários estagnados e o crescente risco de desemprego tornam ainda mais arriscado tomar empréstimos com prazo longo.
Cartão de loja
Os juros cobrados em cartões de loja estão entre os mais altos do mercado. As taxas estão variando entre 9,9% e 15% ao mês.
O presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman, reivindica junto ao governo um financiamento a pequenas empresas comerciais com juros fixos de 30% ao ano. "É um juro razoável, se comparado a uma inflação esperada de 15% no ano de 96", diz.
Nos cartões de loja, os juros estão, porém, em até 15% ao mês, o que equivale a 435% ao ano.
Os juros no cheque especial continuam altos, variando entre 8,2% e 13,9% ao mês.
Inadimplência
Szajman diz que está preocupado com o aumento na inadimplência (atraso nos pagamentos).
Os bancos estão deixando de financiar empresas para atuar no crédito ao consumidor, que tem juros maiores, diz. Houve redução na renda mínima familiar exigida para conseguir um crédito ao consumidor -de US$ 2.000 no ano passado para os atuais US$ 500.
Algumas lojas não exigem mais carteira de trabalho assinada para conceder o crédito. A inadimplência no setor de eletrodomésticos está entre 6% e 7%, quando a média histórica é de 3% do valor emprestado.
Segundo Szajman, a tendência é a inadimplência crescer ainda mais. Para ele, "antes de comprar, o consumidor precisa tomar cuidado".

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