São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Palestrino pode soltar o grito de campeão

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Se a péssima exibição do Palmeiras diante do Rio Branco, no meio da semana, plantou uma pulguinha atrás da orelha da torcida alviverde, a goleada de ontem sobre o Botafogo significou o reencontro do Palmeiras com aquele futebol encantador e irresistível de toda a temporada.
Nem tanto pelos quatro gols obtidos -que poderiam ter sido oito-, mas, sobretudo, pela forma como eles foram cevados, consequência natural da blitz irresistível encetada pelo Palmeiras desde o início do jogo até o apito final do juiz. Tanto que o jogo se apagou sob as luzes de dois gols perdidos, por Luizão e Cláudio, na sequência.
Ora, com a derrota do Santos diante do XV de Jaú, não há mais pulguinha, e o palestrino pode soltar a alma no grito de campeão.
*
O gol de empate da Ferroviária foi ilegal: o avante Fernando estava em posição de impedimento e claramente tentou intervir na jogada, o que anula a possível passividade do jogador alegada pelo juiz.
Muito bem, então, o Corinthians, com seu time misto -praticamente o mesmo louvado pela sua exibição diante do São Paulo, ainda outro dia-, venceu a lanterninha Ferroviária por 2 a 1. Pelo menos, moralmente. E daí?
Daí que, se o Corinthians já abdicou do Paulistão, embora tardiamente, e mantém uma trêmula chama acesa na Libertadores, o resultado desse jogo é irrelevante. O que vale é tentar captar no comportamento desse time um sinal de que as mudanças no Parque foram tão profundas que essa trêmula chama vá arder como fogueira em Porto Alegre.
Explico melhor. Lembram-se quando o São Paulo estava no auge, somando duas Libertadores de enfiada e quase alcançando o inédito tri? Pois naquele tempo até os reservas, os meninos do Muricy (ou, antes, do Oscar), quando entravam em campo, deslumbravam como os titulares.
Sei bem que as circunstâncias são outras. Mas, que diabo, só espero por um sinal. Nada mais.
*
No sábado, Tostão tocou num ponto sensível: com a discrição mineira que lhe é peculiar, sugeriu que Marcelinho passe a jogar mais avançado, para o bem do jogador e do Corinthians. Como sou do Brás, lastimo não dispor de tais diplomacias.
O que eu quero dizer é que Marcelinho não está jogando nada há tempos. Como? Caiu da cadeira? Afinal, Marcelinho, com seus disparos venenosos e assistências preciosas, tem sido o responsável por quase todos os gols do time.
Pois levante-se e ouça: uma coisa é a precisão inigualável de Marcelinho em tocar na bol, ou até mesmo executar esta ou aquela jogada antológica, como o célebre gol de placa; outra é sua participação ao longo da partida.
Apesar do empenho de Marcelinho em participar de todos os jogos e de contribuir com a marcação, na verdade, está mais ausente do que presente, a não ser na hora da decisão.
Aliás, o próprio Eduardo Amorim me dizia isso num desses domingos recentes de mesa-redonda. Por isso mesmo, é mais do que procedente a observação de Tostão.

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