São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Assédio fatal

JUCA KFOURI

O time do Palmeiras voltou a jogar como Wanderley Luxemburgo gosta: pressionando desde o início, não dando espaço, não deixando respirar, atacando por todos os lados, por cima e por baixo.
Bastou o Palmeiras saber que teria uma semana entre o jogo de ontem e o próximo, para mostrar a volúpia que havia abandonado nas semanas em que jogou três vezes.
E não há time no mundo que resista ao assédio de Djalminha e seus cometas descansados.
A dois gols dos cem, com quatro entre o seis artilheiros do campeonato, o Palmeiras ganha seu 21º título paulista no mais desequilibrado torneio dos últimos tempos, não só por que o clube de Parque Antarctica fez brilhantemente a sua parte como, também, porque os adversários foram incapazes de ameaçá-lo.
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O primeiro ataque foi do Botafogo. E o jovem goleiro Marcos fez bela defesa. Ele que havia jogado apenas dez minutos no lugar de Velloso neste campeonato. Depois, sem ser acionado durante todo o jogo, pegou até pênalti no segundo tempo. E foi abraçado por seus companheiros como se tivesse salvado a equipe.
Prova de que, além de jogar muito, a famosa frase feita sobre a união do grupo não é só um chavão para o time verde.
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Matinas Suzuki Jr., que até quando concorda comigo é para discordar, tem razão ao lembrar que o São Paulo de Telê bicampeão mundial jogou muito mais vezes que o Corinthians naquelas duas temporadas.
A diferença, no entanto, foi exatamente de planejamento. Enquanto o tricolor dava prioridade à Libertadores e punha seu expressinho para jogar até em partidas do Campeonato Brasileiro, o Corinthians nunca se definiu, com frequência falando uma coisa e fazendo outra.
Além do mais, tanto os Paulistas quanto os Brasileiros que o São Paulo disputou à época permitiam jogar apenas para se classificar, coisa que o Paulistão deste ano, felizmente, não deixou. O São Paulo, que sem dúvida tinha melhores jogadores que o Corinthians de hoje, soube se equilibrar para evitar o desgaste. O Corinthians, não.
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Sávio tem tudo para ser o Reinaldo dos anos 90. Na década de 70, o genial mineirinho do Galo teve vida curta graças às chuteiras assassinas e a conivência criminosa dos árbitros. Teremos replay com Sávio?

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