São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996 |
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Será que o rock presta para alguma coisa?
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
O coroa é o inglês Simon Reynolds, um dos críticos musicais mais brilhantes de sua geração, que, em artigo para a revista americana "Request" de maio, disseca os mecanismos da indústria do rock inglês e conclui, basicamente, que nada vale a pena. Já de cara, o "Esquizofrenia" (que tem até E-mail: custodio@embratel.net.br) tira o fôlego da gente. Abre com um texto de duas páginas sobre o grupo galês Gorky's Zygotic Mynci (não conhece? Sossegue: 99,999999999% da humanidade estão com você nessa). Para completar, discografia completa dos caras e comentários só para iniciados, do tipo "Gorky's Zygotic Mynci parece Boo Radleys tocando hits do The Fall". Simon Reynolds passeia por outra praia, com areia imunda e mar infestado de tubarões. Ele defende a seguinte tese: jornais de rock alternativo como: "Melody Maker" e "New Musical Express" são agora imprestáveis. Uma banda que está hoje na capa da "MM" canta, já na semana que vem, no "Top of the Pops" (espécie de "Globo de Ouro" britânico). Quer dizer, o britpop de Oasis, Blur e Pulp destroçou de vez as fronteiras entre "alternativo" e "careta". Os jornais, que antes viviam de caçar bandas novíssimas, estão perdidos. Nada disso incomoda a garotada do "Esquizofrenia". Oasis, Heavenly, Cardigans... Um longo desfile de bandas que, segundo o fanzine, estão destinadas a salvar o mundo. Enquanto isso, Reynolds lamenta que o Britpop "una a tudo em sua mediocridade globalizante". Quem tem razão? A rapaziada brazuca ou o veterano europeu? Acho que os primeiros. Olhe em volta, ligue o rádio, veja a TV. Se a gente não acreditar na redenção das almas pelo rock, vai acreditar em quê? Minhas desculpas aos fãs de quadrinhos. Escrevi aqui, na semana passada, que Neil Gaiman "desistiu de desenhar o Sandman". Na verdade, o roteirista Gaiman desistiu de escrever o Sandman. Texto Anterior: Banda faz mais sucesso no Japão Próximo Texto: CD PLAYER Índice |
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