São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Micro pode reduzir fraudes eleitorais

HEINAR MARACY
FREE-LANCE PARA A FOLHA

As próximas eleições municipais ficarão na história como as primeiras em que os brasileiros puderam escolher seus representantes utilizando o computador.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está investindo mais de R$ 70 milhões na compra de 80 mil coletores digitais de votos, que informatizarão as eleições de 3 de outubro em 52 cidades brasileiras. Municípios com mais de 200 mil eleitores terão votação eletrônica.
"O processo é bem simples. Qualquer pessoa capaz de usar um caixa de saque automático saberá votar pelo sistema", diz Octaviano Galvão Neto, diretor da Microbase, empresa que desenvolveu o software eleitoral.
O terminal de votação, fabricado pela Unisys, é composto de um computador com chip Intel 386SX, 2 Mbytes de memória RAM (aleatória), dois leitores de disquetes de 3,5 polegadas e uma pequena tela de cristal líquido, onde aparecem as instruções de votação, nome e até uma foto dos candidatos a prefeito.
O sistema operacional que comanda o terminal de votação é o "VirtuOS", da Microbase. Sua principal utilização hoje está no segmento de automação bancária, em bancos como Bradesco, Real e Banespa.
Multitarefa
Apesar de ser uma versão simplificada do "VirtuOS", o sistema manteve sua capacidade multitarefa, o que permite que um eleitor seja habilitado a votar enquanto outro ainda está fazendo sua escolha, reduzindo o tempo de espera nas cabines eleitorais.
Os dois objetivos principais da informatização do processo eleitoral são: reduzir o tempo de apuração e diminuir a possibilidade de fraudes.
Os votos serão armazenados em disquetes, além de serem impressos e depositados na urna sem contato manual. "O voto impresso será utilizado apenas para conferência, em caso de dúvida", diz Galvão.
Todos os terminais estarão programados para parar de aceitar homologações de voto exatamente às 17h. O TSE acredita que em 30 minutos os resultados da votação já poderão ser anunciados.
"As fraudes mais comuns, como troca de urnas e adulteração de cédulas, serão eliminadas pelo sistema", diz Galvão.
Segundo ele, como os votos estarão armazenados tanto em disquetes como em papel nas urnas, seria necessário trocar os disquetes e as urnas no caminho entre o local de votação e a central de apuração.
"Além disso, para fabricar votos falsos seria preciso conseguir os mesmos programas e máquinas utilizados na eleição, além de descobrir o código de encriptação dos disquetes."
Votação bloqueada
Transformar votos brancos em válidos também será praticamente impossível, já que o voto é acrescentado à urna automaticamente, com uma tarja com as palavras "em branco" impressa sobre ele.
O sistema tem também sensores acoplados ao terminal de votação e à urna. Qualquer tentativa de violação bloqueia a votação eletrônica, que só pode ser retomada após procedimentos de segurança serem adotados pelo presidente da seção eleitoral.

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