São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996 |
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Unionistas radicais pregam supremacia
IGOR GIELOW
"Nós, britânicos, temos que destruir a resistência dos irlandeses selvagens", dizia uma pichação em um muro na Shankill Road, bastião protestante em Belfast. As paradas organizadas pelos Orangemen ("homens laranja", nome derivado da cor de seus estandartes) lembram rituais fascistas da década de 30. Bandeiras, tochas e estilo marcial dos participantes marcam os desfiles -que já terminaram em um um conflito com cinco feridos no mês passado. Na Shankill Road, assim como na vizinha católica Falls Road, não há bancos de praça ou lugares de recreação. As ruas são a linha de frente em caso de conflitos entre os dois grupos rivais. As pinturas nos muros, com brasões, imagens de guerrilheiros e palavras de ordem, são marcas que dividem terrenos na região. Na área católica, placas imitando sinais de trânsito mostram a palavra RUC (sigla da polícia da Irlanda do Norte) cortada. Vítimas "Hoje, depois do cessar-fogo do nosso lado, a coisa até melhorou. Mas há muita dor para ser curada até a paz definitiva", disse Sarah Lindsay, 60, moradora de uma alameda adjacente à Shankill Road. Em 1976, ela perdeu seu segundo filho, John, em um tiroteio ocorrido na Shankill. Ele tinha 11 anos na época e foi atingido por uma bala disparada pelos republicanos. "Em 1987, quando houve um grande ataque inglês contra o pessoal do IRA, começamos a temer a retaliação. Enfim, uma bomba explodiu a duas quadras daqui". No caminho, seu primeiro filho, Sean, 27, foi atingido por estilhaços e morreu na hora. "Nós não concordamos com a violência, mas é difícil lidar com tudo isso. Hoje, com meu marido também morto, estou sozinha para ver o que vai acontecer." "Não concordamos com a violência dos unionistas mais radicais. Mas, quando pegamos casos em que famílias inteiras morrem, não é difícil achar a origem da violência", diz o estatístico Christopher Cahun, do Partido Unionista do Ulster (moderado). (IG) Texto Anterior: Americanos financiam o grupo Próximo Texto: Vereador perde o filho e se candidata a negociador Índice |
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