São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Estilista condena maquiagem exagerada

ELENI KRONKA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O visual das comissárias pode passar despercebido aos olhos de alguns passageiros, mas não ao crivo dos profissionais de moda.
O estilista Walter Rodrigues, por exemplo, diz ter visto recentemente, num vôo entre Paris e Londres, "uma comissária japonesa chiquérrima".
Essa boa impressão, porém, ele atribui mais à elegância da oriental do que ao uniforme que, segundo ele, "em geral, é feio".
Para Walter, quem cria os uniformes pensa muito na praticidade e conforto, mas acaba esquecendo da estética.
"Os tecidos sintéticos devem dar lugar às microfibras e a outros materiais mais modernos, leves e de ótimo aspecto, que ainda evitam aquele desagradável odor de suor na roupa", diz.
"Os uniformes devem ser 'clean', sem laçarotes ou flores de pano. Sem contar que enfeites exagerados na cabeça não condizem com a moda, com o clima profissional e são cafonas", afirma.
Maquiagem
Para o estilista, a moda evoluiu positivamente para uma modelagem básica, mas ele condena o uso de maquilagem carregada e perfumes fortes pelas comissárias.
O estilista Fauze Haten, da Der Haten, também se diz "incomodado" com a qualidade das roupas da tripulação.
Fauze afirma que há uniformes "mais interessantes, usados por mulheres igualmente elegantes". Ele cita as aeromoças indianas, que usam os sáris típicos.
Mas ele prefere as comissárias de uma companhia européia, cujo nome não se recorda, que usavam jeans e blazer.
O uso excessivo de maquiagem pelas comissárias "italianas, argentinas e espanholas", também não agradam. Segundo Fauze, os sapatos são outro item que merece mais cuidado.
Para a estilista Elisa Stecca, existem uniformes que parecem tão antigos "quanto a própria história da aviação". Segundo ela, a modelagem deveria ser mais jovem.
A estilista aprova a variedade de peças, mas se confessa espantada diante do uso exagerado de materiais sintéticos. "Existem tecidos mistos e de aspecto natural que dão mais leveza à roupa. É uma questão de pesquisar", diz.
Já Glória Coelho, da G, acredita que as comissárias brasileiras ficariam mais bem vestidas à moda da cultura local.
"Dá para tirar referências dos bonequinhos de cordel e até das roupas de Maria Bonita. É só abstrair as imagens e criar." Para Glória, o modelo Chanel fica muito bem para as européias.
Luciana Amarante, coordenadora de estilo da Zoomp, afirma que os uniformes devem manter o estilo clássico, sem ser démodés.
"O visual da British, a meu ver, é o mais atualizado. As comissárias portuguesas sabem emprestar um charme especial à roupa."
(EK)

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