São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
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PSDB prepara esforço para reduzir desgaste de FHC

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PSDB -partido do presidente Fernando Henrique Cardoso- decidiu partir para a ofensiva para tentar reverter a queda de popularidade de sua principal liderança.
O contra-ataque prevê a ida às ruas de ministros, governadores e dirigentes tucanos. Segundo pesquisa Datafolha publicada no último domingo, o índice de ótimo e bom de FHC, na cidade de São Paulo, caiu de 38%, em março, para 25%, neste mês.
O roteiro das viagens será fechado hoje, na reunião da cúpula tucana, marcada para a noite.
Todas as capitais e mais 13 cidades consideradas estratégicas receberão a visita dos tucanos no mês que antecede o segundo aniversário do lançamento do Plano Real.
A idéia é tentar reverter a queda nos índices de aprovação do governo junto à opinião pública, defender o Real e preservar a figura de FHC. O clímax da campanha aconteceria em 1º de julho, data do aniversário do plano.
Eleições
Ao mesmo tempo, a caravana tucana já vai preparar terreno para as eleições municipais de outubro.
O partido quer eleger os prefeitos de 800 cidades -meta considerada um pré-requisito para a tentativa do PSDB de permanecer no Planalto após as eleições de 1998.
Os tucanos estão preocupados em evitar que a queda de popularidade de FHC faça crescer o desempenho das oposições nas urnas.
"Vamos esquadrinhar o país e vamos à luta", anunciou o secretário-geral do partido, deputado Arthur Virgílio (AM).
A participação dos ministros peessedebistas vai depender, ainda, segundo ele, de autorização do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O tribunal proibiu a atuação dos ministros nos palanques.
Pessimismo
"Neutralizar o clima de pessimismo que está se avolumando no país" é o objetivo da campanha sugerida ontem pelo presidente da Radiobrás, Maurílio Ferreira Lima, ao comando do PSDB.
Ferreira Lima sustenta que o pessimismo retratado nas pesquisas ameaça o Plano Real: "O presidente, o governo -e o partido junto- afundarão na condenação nacional se o plano fracassar".
Insiste, porém, em que não basta apenas faturar os efeitos da estabilização da economia. "O Plano Real já cheira a naftalina", disse.
Segundo ele (que já pensou numa campanha popular em defesa da reeleição de FHC), o desafio é explicar os objetivos do programa de estímulo à fusão de bancos -o Proer- e as negociações em troca de votos no Congresso.
Entre os motivos apontados pelos tucanos para a queda na popularidade de FHC estão o massacre de sem-terra no Pará, o reajuste de 12% do salário mínimo e o cancelamento do reajuste salarial dos funcionários públicos.

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