São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
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BC tenta salvar acordo votado no Senado

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central vai fazer o possível para salvar o acordo sobre o Banespa. Por isso, vai propor ao governador Mário Covas algum modo de resolver o problema da dívida adicional de quase R$ 4 bilhões que ficou fora do acordo.
Segundo a Folha apurou, nesta semana a diretoria do BC vai estudar uma solução. E, até sexta-feira, deve procurar o governo paulista para a retomada das negociações.
O acordo, datado de dezembro último, estabelece condições para o financiamento de uma dívida de R$ 15 bilhões que o governo paulista tem com o Banespa.
Assim, no período, o governo paulista teria que pagar juros equivalentes ao que o Banespa paga quanto capta recursos no mercado ou no BC para fechar suas contas.
Essa taxa de captação do Banespa está um pouco acima dos 4%, juros mensais que incidiram sobre os R$ 15 bilhões originais.
No final deste mês, esse adicional deve estar perto dos R$ 4 bilhões, já que os juros não estão sendo pagos e, assim, são acumulados.
Quando essa dívida havia alcançado R$ 3 bilhões, o governador Mário Covas comunicou a desistência do negócio.
Afinal, o Senado acabou aprovando o acordo, há duas semanas, mas BC e São Paulo não voltaram a negociar desde então.
Agora, o BC pretende retomar a iniciativa. Se o acordo estivesse em vigor desde dezembro, o governo paulista teria que pagar juros equivalentes à taxa de câmbio mais 6% ao ano.
Isso dá algo como 1,3% ao mês. Aplicado sobre o estoque, chega-se a cerca de R$ 1 bilhão, no final de maio. Para o BC, esse valor tem que ser pago pelo governo paulista.
A diferença entre isso e os R$ 4 bilhões que se obtém com a aplicação de juros de 4% ao mês -cerca de R$ 3 bilhões, portanto- é o objeto da nova negociação.
Não é remota a possibilidade de o BC aceitar uma conta generosa.
Representando o governador Mário Covas, Moura da Silva teve participação decisiva na definição do primeiro acordo e chegou a ser cotado para presidente do Banespa, quando o banco voltasse ao controle de São Paulo.
Mas ainda antes da votação no Senado, Moura da Silva se afastou da negociação e disse a amigos que não pretendia assumir o banco.

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