São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
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ONGs criticam plano de ação brasileiro

DANIELA FALCÃO
EM SÃO PAULO

Para as ONGs (organizações não-governamentais) brasileiras que irão a Istambul (Turquia) participar da Habitat 2 (Conferência de Assentamentos Humanos da ONU), o Plano Nacional de Ação elaborado pelo governo foi feito com descaso.
"O plano não reflete a realidade das cidades brasileiras e é genérico demais. Isso comprova a falta de interesse do governo em resolver os problemas urbanos", afirmou Fernando Aith, assessor jurídico da Ansur (Associação Nacional do Solo Urbano).
As ONGs também reclamam da maneira autoritária como o plano foi redigido.
"Nunca fomos chamados pela Sepurb (Secretaria de Planejamento Urbano) para dar nossa opinião, mas mesmo assim enviamos as sugestões que tínhamos. Só que eles ignoraram", afirmou Aith.
O Plano de Ação é um documento que contém os programas que o governo pretende implementar nos próximos cinco anos para melhorar as condições de vida dos habitantes dos centros urbanos.
Ele havia sido solicitado pelos organizadores da Habitat 2 aos participantes da conferência.
Deveria ter sido entregue em janeiro, mas o Brasil atrasou. Apenas nove países da América Latina e Caribe cumpriram o prazo.
A versão do plano que será levada à Habitat 2 é um rascunho e foi elaborada pela Sepurb -órgão do governo federal vinculado ao Ministério do Planejamento.
A justificativa da Sepurb para o atraso na conclusão foi de que eles queriam produzir um plano com qualidade.
Sem valores
Uma das principais críticas das ONGs ao plano é de que o governo não explicitou quanto pretendia investir em saneamento e transportes até o ano 2000.
As ONGs queriam que o governo se comprometesse a eliminar em cinco anos o déficit de 2,8 milhões de moradias da população que recebe até cinco salários mínimos.
O plano oficial só prevê a construção de 1,5 milhão de casas, com recursos da ordem de R$ 29,2 bilhões (leia quadro abaixo).
Apesar da previsão de investimento de R$ 29,2 bilhões até 1999, as ONGs reclamam que a maior parte desse valor vem de fundos de poupança do próprio trabalhador, como o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
"Só R$ 1,6 bilhão dos R$ 29,2 bilhões previstos para serem investidos em casas populares vem do Orçamento do governo federal. É muito pouco", afirma Aith, que será um dos oito representantes de ONGs na delegação brasileira.

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