São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
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Preso diz estar em caminho sem volta

"Em 20 anos, passei ano solto, ano preso"

DA REPORTAGEM LOCAL

José Roberto Soares de Souza está há 20 anos no "submundo". Bem articulado e falante, Beto, como é conhecido, diz que está em um "caminho sem volta: o crime".
O acusado já fugiu 12 vezes da cadeia. Ele é casado e está condenado a 70 anos de prisão. Preso e acusado do maior assalto em real do país, ele afirma que seus amigos do Comando Vermelho participaram do roubo.
"Passei cinco anos na penitenciária de Água Santa, no Rio, e fiz muitos amigos por lá." A seguir, trechos de sua entrevista na Delegacia de Roubo a Banco.
*
Folha - Houve participação do Comando Vermelho no crime?
José Roberto Soares de Souza - Posso dizer que sim. Passei cinco anos preso no Rio. Fiz amigos por lá. Eles me incluíram na empreitada e trouxeram outros companheiros que eu não conheço. Todos eram do CV.
Folha - Você liderou o roubo?
Souza - Não. Minha função foi levar meus amigos até o local do crime e, depois, conduzi-los à Dutra, para voltarem ao Rio.
Folha - O seu irmão também participou do crime?
Souza - Posso garantir que meu irmão é inocente. Ele não tem bagagem nem vivência no submundo para participar de um empreendimento como esse.
Folha - Quanto você recebeu na partilha do dinheiro roubado? O que você fez com o dinheiro?
Souza - Minha parte foi de R$ 150 mil. Comprei um apartamento e dois carros, paguei algumas dívidas e doei R$ 60 mil para familiares de presos.
Folha - Você fez uma doação?
Souza - Todos fizeram. Cada participante da quadrilha deu R$ 60 mil de sua parte para a "caixinha" dos companheiros presos.
Folha - Você é rico?
Souza - Não. Em 20 anos de malandragem, passei ano solto e ano preso. Agora, volto à cadeia. Estou num caminho sem volta.

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