São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
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Desemprego em SP avança até 15,9%

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de desempregados na região metropolitana de São Paulo foi recorde em abril. Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego, realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese, havia 1,342 milhão de desempregados na região no mês passado.
Esse número indica que mais 104 mil pessoas ficaram desempregadas, pois em março havia 1,238 milhão. A pesquisa é feita desde janeiro de 85 e abrange 38 municípios da região.
O recorde é em números absolutos -em pessoas desempregadas-, mas não em porcentagem. Os desempregados representaram 15,9% da PEA (População Economicamente Ativa), ou seja, é a parcela da PIA (População em Idade Ativa) que está ocupada ou desempregada.
Os 15,9% são o maior índice percentual dos últimos três anos -em abril de 93 foi de 16,1%. O recorde foi registrado em junho e julho de 92, com 16,2%.
Oferta insuficiente
Segundo Sérgio Mendonça, diretor técnico do Dieese, o nível de ocupação cresceu 1,2% em abril. Significa que foram criadas 85 mil novas vagas no mercado de trabalho da região.
Essas vagas, entretanto, não foram suficientes para absorver as 189 mil pessoas que engrossaram o contingente à procura de trabalho.
Resultado: mais 104 mil desempregados. Hoje, há 7,101 milhões de pessoas ocupadas na região, estima a pesquisa.
Normal em abril
Mendonça diz que o aumento do desemprego é normal em abril. Entretanto, não era esperado aumento tão expressivo de pessoas procurando emprego.
Por isso, em abril ocorreu o maior aumento da taxa de participação global desde que a pesquisa teve início. A taxa subiu 2,1%, passando de 60,6% em março para 61,0% no mês passado.
A taxa de participação indica a proporção de pessoas com dez anos e mais incorporadas ao mercado de trabalho como ocupadas ou desempregadas.
Comparada a abril de 95, a taxa de desemprego total teve aumento de 17,8% na região. Isso corresponde à incorporação de 225 mil pessoas ao contingente de desempregados, sendo 150 mil na situação de desemprego aberto (procuraram emprego de maneira efetiva nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa) e 75 mil na de oculto (faziam "bicos" ou não procuraram emprego nos últimos 30 meses).
Mendonça divulgou os dados de desemprego em mais três capitais e no Distrito Federal. Em todas elas o desemprego aumentou em março (último dado disponível).
Em Belo Horizonte o índice subiu de 12,7% em fevereiro para 13,5% em março; em Curitiba, de 12,6% para 13,5%; em Porto Alegre, de 11,3% para 13,1%; no Distrito Federal, de 16,7% para 17,2%.
Mercado precário
A indústria criou 13 mil postos de trabalho no mês passado, revela a pesquisa. O setor de serviços gerou mais 48 mil postos, ocupados basicamente por autônomos e assalariados sem carteira assinada. O comércio manteve estabilidade.
O demais setores criaram 24 mil novas vagas. Neste caso, segundo Mendonça, as vagas são do setor doméstico, que mais que contrabalançou a queda de postos na construção civil.
Em abril, o rendimento médio na região metropolitana teve pequena queda (0,4%), devido à redução do emprego nos setores privado (0,3%) e público (0,9%). O emprego para autônomos cresceu 5,4%, e para domésticos, 8,1%.
O setor privado reduziu o contingente de trabalho em 152 mil vagas; o público, em 48 mil. No caso dos autônomos houve aumento de 103 mil postos; no dos domésticos, de 31 mil vagas. "Isso mostra a precarização do atual mercado de trabalho", diz Mendonça.

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