São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
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Brasil pode rever decisão no Mercosul

Encontro é amanhã na Argentina

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil tenta amenizar o atrito que gerou com seus parceiros do Mercosul (Mercado Comum do Sul) ao reduzir o prazo de financiamento para importações de têxteis e confecções de 180 dias para 30 dias.
O tema tornou-se prioritário na pauta da Comissão de Comércio do Mercosul, que começa amanhã em Buenos Aires. São parceiros do Brasil no Mercosul a Argentina, o Paraguai e o Uruguai.
Em princípio, o encontro não trataria desse assunto, mas apenas de tópicos complementares ao acordo entre o Chile e o Mercosul, além de itens menos polêmicos.
Segundo a Folha apurou, a proposta brasileira ainda não havia sido fechada até ontem. Mas há técnicos e burocratas apostando que o Brasil voltará atrás na decisão.
O argumento usado anteriormente era o de que a redução do prazo permitiria equiparar as condições dos produtos importados às da indústria nacional -que contam com prazos médios de financiamento de 30 dias.
Hoje, os negociadores brasileiros ponderam que a entrada de têxteis e confecções dos vizinhos do Mercosul pesa pouco na balança comercial do Brasil.
Portanto, um novo atrito com os parceiros do bloco poderia causar mais prejuízos ao país do que a manutenção do prazo de 180 dias.
Também foi avaliada a ameaça do Paraguai e do Uruguai de dificultar a assinatura dos acordos comerciais entre o Mercosul e dois vizinhos, o Chile e a Bolívia.
"O Uruguai teve suas exportações para o Brasil trancadas por causa dessa decisão", afirmou à Folha o conselheiro Ricardo Nario, da embaixada uruguaia em Brasília.
Isso representa, segundo Nario, boa parte da produção de 60 empresas têxteis e uma soma de US$ 40 milhões -ou 5% do total exportado pelo Uruguai em 95.
Para Argentina, Paraguai e Uruguai, a decisão do governo brasileiro também significou uma nova violação ao Tratado de Assunção, que definiu a criação do bloco.

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