São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
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Vencedor nasceu de uma improvisação

AMIR LABAKI
DO ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Como todos os filmes de Mike Leigh, "Secrets and Lies", o grande ganhador da Palma de Ouro em Cannes, nasceu através de um processo de improvisação.
Desta vez, tudo partiu da reunião de Leigh com os três intérpretes principais: a agora premiada Brenda Blethyn, conhecida da TV britânica; a bela negra Marianne Jean-Baptiste, que já tinha trabalhado com o diretor no teatro; e Timothy Spall, que estrelara anteriormente o filme "Life Is Sweet" (1991).
Foi assim que nasceu a história, centrada na busca por uma negra de classe média, Hortense (Baptiste), de sua mãe biológica (Blethyn), na periferia industrial de Londres.
Quando as filmagens começaram, menos da metade do roteiro tinha sido desenvolvido. "Mike continua inventando o filme enquanto ensaia", explicou o produtor Simon Channing-Williams. "Filmamos alguns dias, paramos para ensaiar. Retomamos..."
Longa carreira
Mike Leigh tem uma longa carreira no cinema, teatro e TV britânicos. Nascido em 1943, formou-se primeiro para os palcos, na Royal Academy of Dramatic Art, de Camberwell. A London Film School foi sua porta de entrada para o cinema.
Seu filme de estréia, "Bleak Moments" (1971), rendeu-lhe prêmios nos festivais de Chicago e Locarno. Seguiram-se vários outros longas-metragens, entremeados por curtas e telefilmes.
Seu método de trabalho torna seus filmes imprevisíveis, ainda que os principais ("High Hopes", "Life Is Sweet") sigam a linha realista de "Secrets and Lies".
Seus dois filmes anteriores eram radicalmente diferentes. O curta "A Sense of History" valeu-lhe o prêmio máximo no Festival de Clermont-Ferrand, pela sátira implacável à invenção das tradições na Grã-Bretanha.
Tragicomédia futurista
Já "Nu" ("Naked") era uma tragicomédia futurista e despótica, muito mais próxima de um Kubrick do que um Rossellini.
Exibido em Cannes-93, o filme conseguiu conquistar os prêmios de direção e ator (David Thewlis). (AMIR LABAKI)

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