São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996 |
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Âncora continua verde
PEDRO DE CAMARGO NETO Política agrícola tem sido erroneamente apresentada como algo corporativo, do interesse dos agricultores.Na verdade, política agrícola é -ou deveria ser- política de segurança alimentar, de interesse nacional, com destaque principalmente para o consumidor. Os instrumentos de política agrícola, que tratam da renda dos agricultores, de maneira nenhuma visam proteger unicamente o setor primário. Estabilizar a renda dos agricultores visa, antes de mais nada, estabilizar a produção e, consequentemente, os preços agrícolas. Na sequência, proteger a renda dos consumidores. Estabilizar a renda do pequeno agricultor é essencial para não jogá-lo nas periferias das cidades. Essas questões são muitas vezes apresentadas como de interesse exclusivo dos agricultores. O êxodo rural tem sido uma dura realidade. É preciso aprender com o passado, pensando no futuro. O trigo foi praticamente o único produto agrícola que não foi âncora em 95. Sua produção interna havia sido destruída antes disto. Agora, um maior número de grãos deixou também de ser âncora. Afinal, essas culturas foram também prejudicadas pela ausência de políticas em 95. Sobraram muitos produtos, ainda não seriamente prejudicados. É preciso tratar de ter uma política para eles e reconquistar a segurança perdida nos outros produtos. A análise dos preços agropecuários no atacado permite afirmar que a âncora continua verde. Para uma variação da Ufir de 46,42%, a média ponderada dos produtos agropecuários continua em 26,19%. O consumidor precisa acordar e exigir uma política agrícola, uma política de segurança alimentar e de redução do êxodo no campo. Texto Anterior: Têxtil apóia mecanização para o algodão Próximo Texto: Cargill estuda transporte de soja pelo São Francisco Índice |
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