São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996
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BNDES teme vender Vale a concorrente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Luiz Carlos Mendonça de Barros, afirmou ontem que o governo decidiu privatizar a Companhia Vale do Rio Doce com a configuração atual, sem fragmentação de suas empresas ou atividades.
Segundo ele, o governo fará uma "pré-qualificação" para evitar que a Vale seja comprada pelos maiores concorrentes -como as minas australianas- ou por um grande consumidor -como as siderúrgicas japonesas.
O governo teme o monopólio que seria formado se a Vale fosse comprada por um concorrente. Se novo controlador for um consumidor, o governo teme a redução dos preços de venda dos produtos.
França
Em depoimento à Comissão de Infra-Estrutura do Senado, Mendonça de Barros detalhou o modelo de privatização que o BNDES quer aplicar na Vale.
O sistema foi usado pelo governo francês para privatizar suas estatais.
Segundo o modelo, o governo venderia para um grupo de investidores de 40% a 45% do total de ações ordinárias da Vale (51% a 57% do total de propriedade do Tesouro).
A receita seria de R$ 2,6 bilhões a R$ 2,9 bilhões ao preço atual.
As ações ordinárias restantes seriam vendidas de forma pulverizada, com a limitação de 3% a 5% por comprador. Esse modelo, segundo Barros, valorizaria as ações ordinárias do governo e provocaria queda das ações ordinárias comercializadas pelo mercado.
Por isso, o presidente do BNDES determinou ontem a suspensão temporária da negociação dessas ações pela Bolsa de Valores, durante sua exposição no Senado.
Vetos
Segundo o modelo defendido pelo BNDES, o próprio Tesouro faria parte do grupo de investidores principais, detendo a propriedade de uma ação ordinária com direitos especiais (golden share) e dando ao governo poder de controlar as decisões de natureza estratégica da empresa.
Barros defendeu também o investimento pelo governo dos recursos da venda da Vale em infra-estrutura econômica básica e na reforma agrária.

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