São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996
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Agricultura manda destruir as sementes trazidas por Gabeira

Receita quer fazer testes antes da incineração

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Agricultura determinou ontem a destruição das sementes de maconha importadas pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) depois de vistoria no material que está no Terminal de Cargas da Varig, no Aeroporto Internacional de Brasília.
As sementes só deverão ser destruídas depois de passar por testes, o que pode incluir o cultivo. Hoje a Receita Federal vai entregar o pacote de quatro quilos de sementes de maconha à Polícia Federal. Em 15 dias deve ficar pronto um laudo toxicológico do Instituto Nacional de Criminalística.
Dependendo do teor de THC (um dos princípios ativos da maconha, que dá ao produto o caráter de entorpecente) pode haver um inquérito da Polícia Federal apurando se houve crime por parte de Gabeira no episódio.
Isso dependerá de autorização da Câmara dos Deputados, que dificilmente será concedida. Por ser parlamentar, Gabeira só pode ser julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
As sementes chegaram na quinta-feira da Hungria, onde são produzidas pela empresa American Hemp Mercantile, dos EUA. Gabeira pagou R$ 135 pela encomenda, incluindo o transporte.
O deputado verde disse que as sementes importadas têm baixo teor de THC. "É o mesmo que tentarem processar um homeopata porque ele vende arsênico em doses ínfimas", afirmou.
Seu interesse é de que a maconha seja pesquisada por suas qualidades como fibra para fabricação de tecidos, papel etc. Segundo o próprio deputado, a exploração industrial é uma estratégia para legalizar o fumo mais tarde, o que ele também defende.
O diretor do Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal do Ministério da Agricultura, Jorge Waquim, foi ao aeroporto para fazer a inspeção fitossanitária (ver se há doenças nas sementes que possam contaminar plantas no Brasil).
Ele determinou a apreensão de todo o material sob o argumento de que a entrada de entorpecentes no Brasil é proibida por lei.
Gabeira tem uma carta de um instituto de pesquisa ligado ao Ministério da Agricultura atestando seu interesse em pesquisar o produto, mas de nada serviu.

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