São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Governista reage a ataque do Planalto ao Congresso GABRIELA WOLTHERS GABRIELA WOLTHERS; DENISE MADUEÑO
A estratégia do governo de transformar a derrota na Previdência em vitória da ética e da moralidade foi prejudicada pela reação dos governistas, que não gostaram das críticas que a Presidência fez ao Congresso. Falando em nome do presidente Fernando Henrique Cardoso, o porta-voz Sergio Amaral afirmou anteontem que "o Congresso votou claramente pelos privilégios". Segundo a Folha apurou, a intenção do governo é tentar repassar ao Congresso o desgaste que FHC sofreu depois das negociações feitas na semana passada com as bancadas ruralista e mineira. Os líderes governistas concordam com o procedimento, mas avaliam que o alvo devem ser os dissidentes e não o Congresso. "Foi um erro essa generalização", disse ontem o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP). "Em primeiro lugar, foi só a Câmara que votou. Em segundo lugar, a maioria votou contra os privilégios, mas foi derrotada por uma minoria", completou. O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), se reuniu ontem com os líderes governistas e mostrou preocupação. Segundo ele, o governo optou pela saída mais fácil, que é culpar o Congresso. O líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA), ficou com a responsabilidade de repassar ao Palácio do Planalto o descontentamento das lideranças. Lado ético Ao mesmo tempo em que rejeitaram a "generalização", as lideranças governistas bateram forte ontem nos dissidentes. Adotando todos um mesmo discurso, deixaram claro que os rebeldes serão considerados de oposição daqui por diante. Chegaram a mostrar otimismo. "Nós vamos estigmatizá-los (os rebeldes) como defensores dos privilégios", disse Aníbal. "O governo foi derrotado porque não se curvou a barganhas", completou. A tentativa de transformar a derrota em uma prova de que o governo não aderiu ao "dando que se recebe" persistiu por todo o dia. "Houve uma vitória relativa do governo, que mostrou seu lado ético e não transformou os barganheiros em papas", disse o deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM). Texto Anterior: ONGs farão protesto na segunda Próximo Texto: ONGs farão protesto contra FHC em Paris Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |