São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996
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Rio faz 34 mil transfusões de risco ao ano

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Um estudo feito por técnicos em hematologia aponta que 34.650 transfusões de sangue de risco são feitas anualmente no Estado do Rio, dentro de um universo de 251.733 coletas feitas por ano.
O relatório foi encaminhado por Jorge Darze, 46, diretor da Federação Nacional dos Médicos, à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Sangue, instaurada no final de abril, na Assembléia Legislativa do Estado.
Para chegar às conclusões apresentadas, o relatório tomou como base os dados fornecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e as notificações à Divisão das Doenças Transmissíveis pelo Sangue, da Vigilância Sanitária.
Segundo o relatório, em 15 cidades que possuem leitos para casos agudos não são realizadas provas laboratoriais sorológicas para verificar se o doador é portador de Aids, hepatite e sífilis (doenças graves transmitidas pelo sangue).
Cidades As cidades são Paraty, Mangaratiba, Itaguaí, Engenheiro Paulo de Frontin, Miguel Pereira, Mendes, Guapimirim, Magé, Itaboraí, Trajano de Morais, Miracema, Santo Antônio de Pádua, Itaocara, São Fidélis e Cambuci.
"Se eu sofro um acidente de carro numa estrada perto de uma destas cidades e preciso de transfusão, corro o risco de receber sangue contaminado. Ninguém vai esperar um sangue testado chegar de outra cidade para me transfundir", afirmou Darze.
O relatório cita 28 cidades e 15 hospitais públicos que não têm unidade de transfusão, embora tenham leitos para casos agudos.
"Tal procedimento pode causar reações adversas na hora da transfusão, devido a problemas na armazenagem, na preparação e na aplicação do sangue", disse Darze.
A relação entre leitos para casos agudos e transfusão de sangue é estabelecida pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Para a OMS, cada leito para caso agudo corresponde a sete transfusões de sangue e de seus derivados ao ano.
Entre os leitos para casos agudos não são computados leitos de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva).
Entre os derivados do sangue estão os fatores 8 e 9 (para tratamento de hemofilia), plasma, albumina e concentrado de hemácias.
Contaminação O relatório aponta que, de 1982 a 1995, foram registrados 921 casos de Aids diretamente relacionados à transfusão de sangue.
"Mas esse número certamente não corresponde à verdade, porque muitos municípios não têm o hábito de relatar os casos, e muitas pessoas contaminadas também não relatam a contaminação. Deveria ser, pelo menos, o triplo."
Sobre a contaminação por hepatite através de transfusão de sangue, os dados notificados à Secretaria Estadual da Saúde, até março de 1994, chegam a 437 do tipo B e 262 do tipo A.
Há déficit na coleta. Seriam necessárias mais 16.863 coletas para atender à demanda anual.

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