São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996
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Fechando o cofre?

VALDO CRUZ

Brasília - Senadores governistas apontavam ontem o que consideram os principais erros do governo na derrota da reforma da Previdência.
Primeiro: o presidente Fernando Henrique criticou duramente a lentidão do Congresso na votação das reformas no encontro de empresários em Brasília.
Tinha parlamentar na platéia. Alguns não pensaram duas vezes. Saíram do hotel correndo para o Congresso com a notícia. Pegou muito mal.
Segundo: alguns deputados votaram contra numa reação às pressões dos empresários por pressa na reforma. Uma tentativa de mostrar uma independência que, salvo raras exceções, não existe.
Terceiro: havia algumas insatisfações na base governista, como na bancada do Acre, o governo sabia e não tomou nenhuma medida para contorná-las.
Os mesmos senadores diziam que podem corrigir o erro do governo. Como boa parte já ocupou cargo executivo, sabe da necessidade e defende uma reforma profunda da Previdência.
Ou seja, quando a emenda chegar ao Senado, eles podem remontar a proposta esfacelada pelos deputados.
No Planalto, a estratégia dos senadores foi encampada como a melhor saída. Tanto que a idéia de retirar a emenda, que chegou a ser discutida pelo presidente, foi abandonada.
Apesar da derrota, o governo não estava de todo contrariado. FHC sabia do risco que corria nas votações de anteontem. Mas decidiu pagar para ver, uma decisão de quem começa a perder a paciência com pedidos fisiológicos.
Pena que tenha decidido tomar esse caminho somente agora, depois de pagar uma conta elevada para tentar aprovar as reformas.
Às vezes, como dizia ontem um senador, é preciso ter pulso para ganhar. Desta vez, FHC teve pulso e perdeu. Mas pode acabar ganhando no futuro. No mínimo, evita prejuízos para os cofres da União.

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