São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Governo suspende salário de grevistas

41 universidades são atingidas

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Todos os professores e servidores de 41 universidades federais em greve não receberam nesta semana a antecipação de 30% do salário, paga normalmente no dia 23 de cada mês.
Os R$ 70 milhões retidos pelo governo desde anteontem podem ser liberados na segunda-feira como resultado de uma negociação entre a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior) e o Ministério da Educação, segundo a entidade.
A punição pela greve atingiu aposentados e pensionistas dessas instituições e até mesmo os que furaram a greve e trabalharam. Apenas 11 universidades tiveram a verba liberada na data prevista, porque informaram oficialmente não terem aderido à paralisação.
Com base no decreto nº 1.480, todos os funcionários que ocupam cargos de confiança (é o caso dos reitores) são obrigados a informar ao ministério a que são ligados o percentual de faltas durante as greves para corte no ponto.
Os reitores decidiram no início de maio descumprir o decreto. O ministério não recebeu dos reitores dados sobre a frequência e tinha duas alternativas: autorizar o pagamento a todos os professores e servidores (inclusive grevistas) ou a nenhum (inclusive inativos) nas instituições em greve.
A Universidade Federal de Pernambuco, que estava entre as 41 em greve, decidiu ontem pela volta ao trabalho e, por isso, deveria ter o pagamento liberado.
"O governo está tendo liberalidade com quem encerrou a greve, mas não terá com quem continuar parado", disse o secretário-executivo do MEC, Luciano Patrício.
As universidades entraram em greve em 16 de abril. Os reitores estão sendo pressionados pelo governo e pelos grevistas. Para Patrício, eles deveriam agir como "representantes do governo" e não como "mediadores". Disse que haverá desconto nos salários. A suspensão do pagamento da antecipação é uma forma de pressão para o envio das listagens de faltas.

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